
Comecei então a viajar e pensar, o que leva aquele rapaz a pensar que os metódos e processos que ele questionava e ironizava estão ultrapassados e tudo que foi feito até agora é errado ?
É isso que quero borrifar aqui, a nossa geração perdeu o interesse pela essência das coisas. A nossa geração tem argumentos ridículos e banais, é de dar pena quando vemos adolescentes expondo suas idéias, opiniões e dúvidas, seja em fóruns, programas de auditório ou um debate na MTV.
Sinto uma clara ironia por tudo aquilo que é antigo, um ar de arrogância quando ensinamos nossos pais e avós a mexer no controle remoto, quando rimos deles por não conseguirem entrar no msn. Sinto que a cada dia temos acesso a mais facilidades, seja para comunicação, para negócios ou para entretenimento, e simplesmente pegamos e começamos a usar frenéticamente, sem ao menos se importar ou saber de onde surgiu aquilo, porque aquilo foi criado e quem teve a idéia. E isso nos leva a enxergar tudo de forma banal, de forma irônica e arrogante.
Nossos avós, pais e mães podem não entender como é possível conversar assistindo outra pessoa em tempo real pelo Skype, mas com certeza eles terão mais chance de continuar uma viagem sem ligar para o pessoal do seguro caso o carro quebre na estrada. Com certeza eles sabem que os modismos vão e voltam, que a maioria das tendências que surgem como sendo aquelas que vão ditar o mundo daqui pra frente, não se confirmam.
Trabalho com publicidade e vejo os profissionais dessa área em constante busca por inovações tecnológicas. E nessa busca, procuram entender o comportamento do consumidor por meio das redes sociais virtuais, de second life, de consumo de mídia por telefone móvel. É legal, temos que realmente conhecer tudo isso, afinal existe uma diversidade incrível e temos que estar por dentro. Mas... a minha vó sempre dizia que as coisas entram e saem de moda a cada década! Os LPs estavam extintos e de repente agora virou moda ter coleção de vinis. Essas redes sociais são uma grande mentira! Elas servem pra mostrar como queremos ser vistos, e não como realmente somos.
Eu acredito que a única forma de saber como realmente somos é conversando com quem já passou e viu muita coisa na vida. Por quem já não tem porque se preocupar com imagem. Por quem prefere se divertir com o comportamento dos mais jovens ao invés de criticar tudo e todos. Nós aprendemos mesmo é conversando com o zelador do prédio há mais de 20 anos. Nós aprendemos conversando com o taxista viciado em corridas de cavalo. Nós aprendemos sobre as pessoas quando ouvimos o dono da padaria contar como era o centro da cidade há 40 anos atrás, e como ele virou o que é hoje.
Desde pequeno eu sempre gostei de ouvir as histórias da minha avó. Não as histórias de ficção infantil, mas a história de como ela conheceu meu avô, de quando se casaram com 18 anos, de quando ela comprou o primeiro jogo de panelas. Como é bom saber por quem viveu, o que foi a copa de 50, o que foi a ditadura militar, o que foi a jovem guarda, o que foram os cabelos dos anos 80, o que foram as diretas já. Por uma visão parcial, mas de quem realmente viveu, e não matérias que buscam reportagens, vestígios e depoimentos tendenciosos. Gosto da história pura. Conhecendo a história da minha família, posso conhecer de onde veio a minha formação, o que eu posso ser e em quem devo me espelhar.
O conhecimento da essência, é torcer por um time e saber de onde veio o seu patrimônio, os seus títulos, a identidade de sua torcida, frequentar o seu estádio, a sua sede social e o seu museu.
O conhecimento da essência é gostar de algum estilo musical e saber suas origens, seus grandes ícones, seus extremos, frequentar shows ou apresentações, ler revistas do gênero.
O conhecimento da essência é gostar de teatro e pesquisar sobre os grandes autores, diretores, atores, conhecer a história do teatro no mundo e no seu país, é frequentar boas salas e saber quem já pisou por lá, e quem pode surgir daqui pra frente.
O conhecimento da essência é ser descendente de imigrantes japoneses ou italianos e saber em que barco sua família desembarcou no Brasil, em que cidade trabalhou, como conseguiu lutar e conseguir o que tem hoje.
Para mim, a busca e curiosidade pela essência das coisas é o que leva uma pessoa a ser um pouco acima da média da grande massa. Da grande massa comum e banal, que prefere não se importar muito com o que acontece a sua volta, e assim vai deixando a vida levar... até que leva. E só leva.
(Foto: Vale do Anhangabaú - São Paulo/SP)
Por isso gosto e me cerco de pessoas mais velhas. As histórias que eles contam de outros tempos é a história real e não a contada em jornais e revistas!
ResponderExcluirRealmente a gente muitas vezes se acha inteligente por saber dominar um computador ou concertar alguma coisinha eletrônica, mais quandu a gnt tem aquela dorzinha que chega nossa mãe e nos dar uma receita caseira e passa a dor logo apóis que se toma... a gnt se acha burro!
ResponderExcluirNada se compara com as experiencias que o tempo nos traz!
vlw
Nerd que é nerd sabe: XP é pra sempre, o resto com o tempo sai
ResponderExcluirnão entendi paçocas esse último comment!
ResponderExcluirPA-ÇO-CA é um doce feito de amendoim...
Muito bom post. Concordo plenamente.
ResponderExcluirE vocês borrifadores ainda brigam comigo porque eu gosto de coisas de velhos... ahahaha..
Bjos!
vc gosta de velho, pq existe viagra
ResponderExcluirA próposito,vale salientar que nós mais velhos, somos capazes também de acompanhar a evolução do PC, mas também de utilizar a velha máquina de escrever num imprevisto em que o computador não funcione.Isso vale para inúmeras situações.O velho sempre irá complementar o novo, que não exitiria sem ele.Parabéns!De uma forma simples vc demonstra ter mantido sua essência.
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