
Desde que comecei a acompanhar o Borrifando, tento achar um tema para tornar meu, num post original de borrifação. Acontece que comecei a reparar que, ultimamente, não tenho opinião formada sobre nada! Até mesmo um assunto tão obviamente borrifável como o trânsito de São Paulo me parecia ser passível de argumentação, mesmo que a argumentação fosse entre eu e eu mesma.
Acontece que, quando borrifamos o trânsito, seguramente acabaremos borrifando a nós mesmos. Indiscutivelmente, todos nós fomos, somos e seremos agentes de piora do trânsito – seja porque hoje você decidiu não se estressar com o trânsito e está com a setinha ligada para a direita sem reparar há 10 minutos causando complicadas confusões mentais para os outros motoristas, seja porque hoje você não agüenta mais a cidade, as pessoas, o seu chefe, sua namorada e decidiu que tudo que quer na vida é chegar em casa antes que outro desses insuportáveis consiga te achar para te importunar ainda mais a vida!
Enfim. Hoje, vindo de Alphaville em direção à grande avenida paulistana, a Juscelino Kubitschek, me encontrei no limite da paciência quando atravessava a ponte da Cidade Jardim. A confusão dos carros que vem da direita e quem ir para a esquerda para que possam descer na marginal, cruzando com os carros que vem da esquerda e querem ir para a direita para pegar o tunel, somado aos carros que saem da esquerda vão para a direita para evitar o trânsito (?!) e voltam para a esquerda, em direção à Tabapuã, sempre sempre sempre, me tira do sério. Estava tentando manter a calma para instituir no caos a regra do um-um (passa um da esquerda, depois um da direita, depois um da esquerda, e um da direita) quando, num aceno de mão, um moço com a janela toda aberta em pleno trânsito infernal me revelou o tema da minha borrifação. Um tema sobre o qual não tenho dúvida de qual a minha opinião: a banalização do uso da “mãozinha-pra-fora-pedindo-passagem”. Nada explica o porquê do cumprimento dessa regra informal seguida fielmente pelos paulistanos, mas ela funciona. Coloque sua mãozinha para fora e terá passagem. Mas é exatamente porque este é um dos resquícios da boa educação dos moradores da nossa cidade, que o recurso deve ser utilizado sabiamente! Você está a duas faixas da faixa da direita e sua saída se aproxima rapidamente!? Mãozinha para fora! Agora, caos na ponte da Cidade Jardim com certeza não se qualifica como “momento apropriado para uso da mãozinha”.
Por isso, o post além de fazer sentido, também serve de alerta! Pessoal, vamos valorizar as boas regras que ainda temos no trânsito! É como na chegada da marginal à ponte da Cidade Jardim que obriga todos os carros que vão entrar na ponte, se manterem nas faixas da direita desde a ponte da Rebouças. É assim! Vamos respeitar! Sem querer dar de malandro cortando pelas faixas da esquerda e depois xingar o bobo que ficou 20 minutos na fila apenas para ser respeitoso com os outros bobos no trânsito por que ele não quer te deixar entrar. Essa também é uma boa regra – vamos mantê-la. Assim, o dia que você de fato precisar entrar em cima da hora nas faixas da direita, cortando toda a fila, as pessoas vão te dar passagem, acreditando que você tenha simplesmente descuidado do caminho.
Quando chegarmos nesse nível de civilidade, poderemos instituir outro dos meus projetos para melhora do trânsito de São Paulo: a buzina do rodízio! Ao invés de “gostosa, gostosa”, você sai pela cidade buzinando “rodízio, rodízio!”, e as pessoas abrem espaço para que você, que está a 5 minutos das 7 horas da manhã, a 1 km do seu trabalho.
Por Debi Gorgulho*.
Debi Gorgulho, é publicitária, acompanha o borrifando a um tempinho e conhece os borrifadores a um tempão! É a primeira a mandar a sua borrifada para nós.
Gostaria de lembrar que domingo é o dia em que publicaremos textos de convidados especiais, borrife você também.
não entendi a paradinha do rodizio na buzina
ResponderExcluirLembrou bem sobre o Rodízio! Acho que ninguém quer que ninguém seja multado... é uma ótima essa buzina ! Apesar de o "gostosa!" ser engraçado.. principalmente em épocas de carnaval.
ResponderExcluirÉ engraçado o sinal da mãozinha ser uma obrigação né?? Eu acho que o que acontece é que , em um ambiente de total falta de educação e desinteresse pelo interesse alheio, uma atitude de interação e pedido com educação parece algo um tanto quanto "humano" e por isso as pessoas se sentem no dever de atender!
eu odeio maozinha. mas é exatamente o q muda uma cortada, por um "com licença, estou entrando a sua frente"
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