Hoje em dia, entrar em contato com alguém é muito mais fácil
do que há alguns anos atrás. Basta clicar no iconezinho verde de 16 bilhões de
dólares, começar a digitar alguns verbetes que serão facilmente adivinhados
pelo seu smartphone, e você pode magoar ou deixar alguém feliz, não importa a
distância.
As demonstrações públicas quanto a um sentimento, ficaram
extremamente fáceis e banais. Uma boa busca de imagens com uma frasezinha de
banheiro público do Pedro Bial pode ser estampada em uma timeline, que atrairá
uma bela plateia de curtidores hipócritas. Sempre fui um grande defensor da
tecnologia e de tudo que facilite a nossa vida, mas vejo hoje que, com
tanta facilidade, muita coisa importante acabou ficando subvalorizada.
Se você parar para dar uma olhada em sua timeline do
Facebook ou do Instagram, você com certeza encontrará atualizações feitas na
última hora com a palavra “amor” ou com emoticons de “coraçõezinhos”. Quantos textos você já
leu, acompanhados de uma foto com um belo filtro, cheio de juras de amor eterno a
uma amiga “bff”, com alguma citação da Clarice Lispector e com muitos
comentários do tipo: “own que lindo! Também te amo muito amiga!” ? Eu não sei se
eu fui criado de forma muito diferente de todo o meu círculo de conhecidos, mas
“amar” alguém é o sentimento mais forte que pode existir por alguma outra
pessoa, ou animal, ou qualquer outra coisa.
Tirando a minha família, eu geralmente penso muito, mas
MUITO mesmo para dizer “eu te amo” para alguma pessoa. Eu imagino que, ao dizer
isso, a pessoa passará a esperar algumas atitudes muito fortes e verdadeiras
vindas de mim. O mais engraçado é quando você não é realmente muito amigo da
pessoa de grande coração, e no mês seguinte ela já passou a “amar” outra pessoa,
ou simplesmente já elegeu outra pessoa que será a única amiga ou companheira(o)
para a eternidade, pois a eternidade da outra provavelmente já deve ter
acabado.
Não é só o “amor” que me parece banalizado entre as pessoas,
no mundo em que elas querem que nós acreditemos que elas vivem. Está muito
fácil “amaaaaaaaaaar” ou “odiaaaaaaaar”
tudo! Pessoas, animais, séries de TV, personagens fictícios, filmes, carnaval,
ar condicionado. Vejo as pessoas compartilhando e fazendo comentários rasos
sobre temas que envolvem mágoas, tradições, até mesmo a morte de outro ser
humano, além de outros temas que mereceriam, no mínimo, mais conhecimento e
respeito para que sejam colocadas em público.
Nós nunca sabemos o que pode acontecer amanhã, eu mesmo já
errei e me arrependi por me afastar por muito tempo de pessoas a quem eu
verdadeiramente gosto e amo. Mas acredito mesmo que se alguém realmente te ama,
não é com uma frasezinha brega em uma imagem mais brega ainda que isso deve ser
demonstrado. Em um mundo onde, todos os dias, nos deparamos com pessoas
mentindo ou tentando nos enganar, fica cada vez mais fácil olhar no olho de
alguém, ouvir a voz, e entender se o que está vindo em sua direção é verdadeiro
ou não.
Sabe aquela banda que você tinha como favorita quando era pouco
conhecida, mas que, quando todo mundo começa a gostar e falar demais dela, você
acaba pegando uma certa raiva? Não façam isso com a palavra “amor”. Saibam
utilizá-la com parcimônia. Ela significa muito para virar algo tão popular
quanto o Psirico e o Lepo Lepo.
Nessa semana, fui me encontrar com uma amiga para ir ao
cinema. Quando a encontrei, ela estava tomando café com um holandês, que
está a trabalho em São Paulo. Cumprimentei os dois e logo fui puxando papo.
Como não poderia ser diferente, a primeira pergunta foi se ele estava ansioso
para a Copa do Mundo. Como todo estrangeiro que viaja para cá, a resposta não
foi em relação ao país dele, mas sim sobre as chances do Brasil vencer a Copa,
até por uma questão de respeito. Conversa vai, conversa vem, falei que conhecia
a cidade de onde ele vinha devido ao FC Utrecht, e quando deu a hora de irmos
ao cinema, nos despedimos do rapaz, que estava aguardando outra pessoa que o
levaria para jantar, e o desejamos uma ótima estadia no Brasil. O rapaz parecia
encantado com toda a nossa gentileza.
Contei o episódio acima, porque ele me fez pensar: é
engraçado como os estrangeiros se sentem tão felizes quando damos atenção a
eles. É engraçado como nós brasileiros, adoramos receber visitantes de outros países.
Minha amiga me contou que o holandês tinha sido levado para almoçar nos
melhores restaurantes e hamburguerias de São Paulo. Ele estava achando tudo uma
maravilha, a comida, o povo, o ambiente. E não é à toa. O brasileiro é de fato,
muito mais esforçado com quem é de fora do que na nossa própria convivência. É
como quando vamos receber alguém importante para jantar em casa. Se é o vizinho
que vem filar a bóia, requentamos qualquer coisa e ele come com o prato de
vidro que acabamos de lavar. Se é alguém de longe, que raramente vemos, tiramos
a poeira dos nossos melhores talheres e pratos, e fazemos uma recepção de luxo,
como se sempre nos portássemos daquela maneira.
Os europeus não costumam ter muita paciência com gente que
não fala a língua deles, talvez até mesmo porque muitos estrangeiros vão para
lá para ganhar um troquinho e de fato tumultuam a coisa toda, mas eles não
fazem a mínima questão de mostrar o lugar onde moram como algo fantástico. Bem diferente
do que acontece por aqui. Aqui nós falamos muito mal do brasileiro, mas quando
viajamos, saímos com uma cara de superioridade vestindo a amarelinha, fazendo
questão de mostrar ao mundo que somos brasileiros. Tive um tio americano que me
disse exatamente o contrário. Ele só vestia roupas verde e amarelas e chapéus ridículos
escritos Brasil. Para ele seria um desrespeito vir ao meu país querendo mostrar
o orgulho de ser americano. Se ele estava aqui, para ele era importante mostrar
que estava tentando entrar no clima do Brasil.
Pensando em como o holandês estava feliz por estar vivendo
esse curto período em São Paulo, cheguei à conclusão de que essa Copa não tem
como ser ruim para os gringos. Nós aqui estamos diariamente preocupados em
mostrar para o mundo que somos minimamente civilizados e comprometidos com
prazos, infra-estrutura, pontualidade, segurança, mas todo o mundo sabe que nós
não somos bons nisso.Não adianta acreditar que, pelo menos por um mês, seremos um país sério e civilizado. Não seremos, e nem esperam isso de nós. O mundo vem ao Brasil por um simples motivo: diversão. E
nisso, não há como negar, nós somos muito bons. Muito melhores do que eles.
Teremos atrasos, teremos aeroportos lotados, teremos
manifestações, teremos assaltos. E isso será noticiado em toda parte. Mas quem vêm pra cá já está esperando pelo pior. Ainda assim, tenho certeza absoluta de que quem
vier para cá terá uma experiência incrível, com muita festa, muita
cachaça comprada por preços absurdos e muita gente receptiva (inclusive muitas mulheres, pois admitam, mulher brasileira adora gringo), que, por
interesse financeiro ou não, vão adorar ensinar esse povo a sambar, encher a
cara, ficar vermelho que nem pimentão, e sorrir como se não houvesse amanhã.
Evidentemente que, nesse texto estou me referindo sobre a
recepção que faremos a seres humanos, não a Argentinos!
Vejam o homem ao lado. Este é o Senhor Lamar Bone, homem sério, sábio e educador, sabe botar ordem
na casa. Uma pena que, nos dias atuais, Lamar Bone seria chamado de fascista,
ditador, figura truculenta, e por aí vai...
E isso me leva a fazer as seguintes perguntas: Mas
o que é isso!? O que é isso!?
Nos últimos anos (sim senhor! coincide com o
governo PT, quer você queira ou não!) a tradicional falta de educação do povo
brasileiro, sua costumeira dificuldade em convier civilizadamente, bem como a
falta de compreensão da palavra “ética” se destacaram internacionalmente.
E como nada é tão ruim que não possa piorar,
parece que de um dia para o outro nos tornamos uma nação onde todo mundo exige
seus direitos, mas se esquecem de seus respectivos deveres.
Após breve reflexão no assento sanitário do escritório
e, seguindo a cartilha do “truculento” Senhor Bone, segue abaixo alguns pontos
importantes que justificariam o uso da cacetada como método corretivo para
nossa patética situação:
Educação se aprende em
casa
Crianças decentes costumam apanhar na bunda,
levar cintadas ou ate mesmo serem postas de castigo (às vezes no escuro) quando
fazem alguma mal criação. Este sempre foi o lema da vida e, de fato, tem fedelho
que só aprende na pancadaria. Qual o problema em aplicar os mesmos corretivos a
baderneiros adultos ou “de menor”? Se no
passado não tiveram pais presentes que lhes ensinassem as boas maneiras, merecem
SIM levar bordoadas e ficarem de castigo (lê-se CADEIA), seja pela policia ou por terceiros que se sintam lesados
por suas atitudes irresponsáveis.
Devemos aprender a
compartilhar nossas coisas
Somos uma manada de búfalos. Sim, corremos por
aí desembestados, sem se importar com quem esteja na nossa frente, sempre
pensando no “eu sozinho”. É o famoso esfrega sovaco no transporte publico, a TV
de LED disputada a tapa numa liquidação de loja popular, a selvageria pra pegar
uma bebida no bar da boate, o desespero para pegar a mala durante o desembarque
do avião, o prazer duvidoso em explodir morteiros sem se importar com quem esta
em volta. Teríamos que encomendar borrachadas eternas para todos aqueles que não
respeitassem o espaço do outro.
Ética, para que te
quero?
Não temos ética, é cultural, nunca seremos. Um
país sem ética merece tomar pau todos os dias, sem exceção. É a famosa pancadaria
generalizada, sem pena, todo mundo contra todo mundo. Olho por olho – dente por
dente, barbárie, bla bla bla, chamem do que for...
Alguém aí ainda tem dúvida se precisamos de
alguma dose de truculência?
Após o
SuperBowl, os fãs de futebol americano voltam seus olhos para o
Draft. O Draft é
quando os times profissionais selecionam promessas, principalmente de faculdades,
para seus times. Ontem uma das
grandes promessas e candidato a ser escolhido nas primeiras rodadas do Draft, Michael Sam, revelou ser gay. Ele pode ser o primeiro
jogador a tornar público que é gay e jogar profissionalmente. Muitos ex-jogadores
já assumiram que são gays nos esportes coletivos americanos, mas eles só o fizeram depois que pararam de jogar.
Mas ainda
estamos no pode.
Em entrevista
ao New York Times e à ESPN Michael Sam afirmou que “só quero contar a minha própia
verdade”, “tenho orgulho de ser gay”. De acordo com o
Times, Michael contou ao seu time da faculdade no ano passado. E seus companheiros de jogo não apenas aceitaram, como também elegeram Michael um dos melhores jogadores do time. O jovem de 24 anos detém alguns números impressionantes além de jogar em posições variadas, o que faz ser um jogador cobiçado. Ou seja temos um jogador talentoso que quer virar profissional, e daí que ele é gay?
Após a declaração, uma chuva de tweets com frases de apoio e admiração vieram de jogadores e
ex-jogadores. A liga de
futebol americano, NFL, declarou o seu apoio e que “aguarda para dar as boas
vindas e suporte em 2014”. Em mesas
redondas nas redes de TV americanas fala-se que há muitos gays nos times, mas
que o vestiário não deixa essa informação sair a público.
As discussões
em programas de TV norte-americanos não focam muito na questão de um time contratar um jogador gay, e sim em como um time irá receber o novo
companheiro. A “cultura
do vestiário” é muito citada. Ex-jogadores opinam que há 10 anos ninguém sobreviveria num
time sendo homossexual, era um tabu, um problema. E citam a
dificuldade que isso pode trazer mesmo hoje, com uma sociedade que
avançou nessa questão.
A
homossexualidade é algo muito difícil ainda no mundo. Fazendo o
paralelo com o Brasil, vemos de maneira crescente a violência contra
homossexuais. Algo comum em
conversas de heterossexuais é usar a palavra gay, e suas derivações, de forma
pejorativa. Como algo ruim. Sim, infelizmente essa é uma verdade triste quando
queremos ver uma sociedade que trate todos de maneira igual e justa. Se você diz
que não tem preconceito, repare nos seus diálogos e veja se você não utiliza a
palavra gay de forma pejorativa.
A maior rede de
televisão brasileira deu um passo inédito em sua história recentemente ao
exibir um beijo gay. Por outro lado, a Folha de S.Paulo publicou uma matéria assustadora, em que divulga como um
gay deve agir. Tiveram a oportunidade de criticar a falta de segurança pública,
mas preferiram dar dicas como quem dá para se proteger do Sol neste verão. Ao
ler essa matéria, em um dos maiores veículos de comunicação do País, não é de se estranhar
que no nosso futebol exista um preconceito também, basta relembrar o caso do
jogador Emerson Sheik quando postou uma foto beijando um homem.
O site da ESPN
americana deixou no ar uma enquete, como faz diariamente, perguntando se a liga
de futebol americano está pronta para um jogador gay. Os resultados, até a hora
do almoço, apontavam que 63% achavam que sim. Outros 37% dizem o contrário. O estado do
Mississipi é o mais dividido: 51% sim e 49% não. Um estado que historicamente
sofreu com questões de preconceito entre brancos e afro-descendentes pode ter
uma leitura de que é um estado preconceituoso, ou que sabe melhor que outros
como é difícil vencer o preconceito.
O esporte é uma
das formas mais incríveis que já conseguiram criar para demonstrar o que um ser
humano é capaz. Mas não apenas capaz de romper barreiras em milisegundos, mas
barreiras da sociedade. Como não lembrar de Hitler vendo o pódio erguer o
punho?
Acredito que o
corajoso Michael Sam, coragem porque ninguém o fez até hoje, será escolhido por
um time, mas vamos ter
que esperar para saber se o esporte norte-americano conseguirá romper essa
barreira e, quem sabe, seja um marco para outras ligas.
No dia 17 de Junho de 2013 eu percorri o Largo da Batata, a Avenida
Faria Lima, a Avenida Berrini e depois atravessei a ponte Estaiada com uma
única certeza: estava fazendo parte da história. Cantei o hino nacional a
plenos pulmões! Pessoas pobres, pessoas ricas, pessoas empregadas ou
desempregadas, negras ou brancas, todas juntas! Pessoas acenavam panos brancos
da janela, centenas repudiavam atos de vandalismo e gritavam para quem quisesse
ouvir: estamos cansados de sofrer sem falar nada! O povo acordou!
Hoje, quase um ano depois, a sensação que tenho é muito mais
de uma derrota do que de uma vitória popular. De qualquer forma, tudo aquilo
que gerou pânico e euforia em muitos, serviu para tirar 12 conclusões. Listo
elas aqui:
1 - No Brasil, tudo sempre
acaba em festa.
Depois que Geraldo
Alckmin e Fernando Haddad foram para a TV dizer que o aumento não aconteceria
mas que depois essa conta teria que ser paga por nós, veio a sensação de uma
grande vitória. Eaí a população resolveu sair para “comemorar”. Os protestos já
estavam popularizados Brasil afora, e saíram de qualquer controle. Qualquer
coisa agora, era protesto. Foi aí que apareceu a, tão cantada por nossos poetas,
“criatividade” do povo brasileiro. Cartazes engraçadinhos, fantasias,
vendedores ambulantes... um verdadeiro carnaval fora de época! Galera bebendo
na rua, sites fazendo galerias sobre os protestos mais engraçados. Não tinha
mais foco, e com isso, os protestos perderam a sua importância. Como ali não
havia uma causa, não havia porque prestar atenção naquela palhaçada. Na
internet circulava um vídeo do Anonymous, com 5 causas que a população deveria
exigir um retorno imediato do governo, com a festa que virou, as causas estavam
lá no meio, mas ninguém conseguiu se organizar para fazer grandes eventos em
prol de uma causa de cada vez.
2 - O povo brasileiro
é altamente influenciável. (I)
De repente, virou moda
falar de política. Todo mundo resolveu saber o que eram as PECs, de repente,
todo mundo sabia o que era o Ministério Público, e pouco a pouco, as pessoas
viram que não era assim tão perigoso ir às ruas lutar por algo. Mas precisou
muita gente tomar borrachada primeiro, para que alguns tomassem coragem e vissem
que algo estava errado. Era ótimo ver como todo mundo estava querendo se
informar sobre coisas que todos deveríamos saber! Mas hoje, parece que as
pessoas leram muitas manchetes e se aprofundaram muito pouco. Alguns casos
gravíssimos, mais graves do que aconteceram na época, estão acontecendo hoje; mensaleiros
e suas vaquinhas, o aumento da carga tributária, a volta da inflação, a bolha
imobiliária... mas ninguém parece preocupado ou motivado a ir às ruas mostrar
sua indignação! Foi só pelo R$ 3,20 mesmo?
3 - O povo brasileiro
é altamente influenciável. (II)
Antes de os protestos
começarem, a aprovação do governo de Dilma Rousseff era de 65%. Logo após a onda de protestos, essa
aprovação chegou a cair para 30% e hoje ela praticamente volta ao número de
março do ano passado. Mas o que diabos ela fez nesse tempo que mudou tanto a opinião
desse povo todo!?!? O povo não lê, o povo vê manchetes e vai pelo que “ouve de
um ou de outro”. Infelizmente, essa é a realidade da maioria da população
brasileira.
4 - A polícia não
sabe fazer contas.
No dia 17 de junho,
tinha gente saindo do bueiro, simultaneamente, em 3 das maiores vias da cidade
de São Paulo. Além de grandes concentrações no Lgo. Da Batata e na Ponte
Estaiada. A estimativa da Polícia foi de 60.000 pessoas!!! COMO ASSIM!? Isso
não lota um Morumbi! Só por onde eu passei, eu vi gente suficiente pra encher
uns 20 Morumbis! Não fazia sentido nenhum aquela conta. Hoje, toda vez que
ouço estimativas sobre concentrações populares eu dou risada. Fico imaginando o
comandante Hamilton olhando de cima falando do helicóptero: “Ah acho que deve
ter umas 2 mil pessoas...” Eaí sai um comunicado oficial da PM via fax, falando
sobre a presença de 2 mil “populares”. Piada.
5 - A maioria
silenciosa pode calar a minoria barulhenta.
Vocês já perceberam
que dificilmente sai na mídia alguma pesquisa sobre a preferência do povo
brasileiro sobre a pena de morte, sobre prisão perpétua, ou legalização das
drogas? Apesar de a Globo esquecer que a discussão desses temas existem, se
essas questões fossem colocadas na urna eletrônica, muita gente se
surpreenderia com o resultado, assim como foi com aquele referendo das armas,
em que o povo votou “não” ao desarmamento. É o que eu chamo de “maioria
silenciosa”. A minoria barulhenta fica pelada na rua, bota fogo em ônibus, faz teatro...
e balança bandeiras vermelhas! Durante os protestos, o grito e atitude dos “sem
partido” mostrou a presença esmagadora dessa maioria silenciosa, que dessa vez
foi para as ruas e mostrou que não quer PSDB, não quer ditadura, não quer
petismo e não quer o “politicamente correto”. A maioria silenciosa, se acordar,
pode mostrar a verdadeira opinião do Brasil.
6 - Assim como no
futebol, maioria da população não tem preferência partidária.
Poucos sabem, mas a
maior torcida do Brasil é a dos “Sem time”. Isso mesmo, assim como a maioria
prefere novela à futebol, a maioria prefere novela à política. E mesmo quem se
importa com a política não gosta de nenhuma das “ideologias” de nenhum dos 37 partidos
políticos que disputarão as próximas eleições. É “social” pra cá “liberal” pra
lá, “democrático” no meio, e no fim é tudo farinha do mesmo saco. Isso ficou
muito claro quando o maior movimento que surgiu nas ruas foi o movimento dos “sem
partido”, que causou revolta nos esquerdistas que achavam que estavam no
estopim de uma nova “revolución”.
7 - As redes sociais
servem para divulgar eventos, mas não para criar organizações.
Assim como acontece no caso dos rolezinhos, as redes sociais
se mostraram eficientes para aglomerar multidões e desesperar os desinformados.
Serviu também para mostrar que não adianta tentar encontrar uma organização
iluminati orquestrando tudo quanto é movimento, porque até agora, tudo o que o
Facebook fez foi avisar a um monte de gente sobre algum evento. Quando
entrávamos nas discussões dos eventos oficiais dos protestos, víamos pessoas
com visões e opiniões totalmente diferentes! Até tentavam organizar algo,
fazendo enquetes como “Você acha que devemos quebrar tudo?” “Devemos proibir
bandeiras de partidos?” mas no fundo, ninguém via ali algo oficial! Logo, você
ia pra rua, via um monte de gente junta, gritava e marchava para algum lugar !
Rolezinhos são coisas parecidas só que sem nenhuma ideologia a não ser se
encontrar, ostentar, pegar umas minas, ouvir um funk e ser vítima “dos polícia”
caso alguém venha te entrevistar.
8 - Podem nos roubar,
desde que não mexam no nosso cofrinho!
O povo se sentiu lesado com os 20 centavos a mais no
transporte público porque a maioria dos usuários paga lá, em nota e moedas, ou
por um bilhete, ou para recarregar um cartão. Se o aumento no transporte público
tivesse acontecido por meio de tributo, no IR ou diretamente na fonte, ninguém
ia se sentir tão lesado. Praticamente todo dia temos reajustes em impostos
cujas siglas desconhecemos, e perdemos muito mais do que 20 centavos com isso!
Mas ninguém enxerga, só conseguimos ver algo se mexem em nossa conta ou no
nosso cofrinho . Na época do Collor foi assim também. Ele mexeu na poupança,
devolveu tudo depois, mas até hoje é visto como Lúcifer por ter ousado tocar no
cofrinho da galera! FHC, Lula e Dilma foram mais espertos em relação a como
tirar mais dinheiro de nós.
9 - Você só pode ser
2 coisas: Reaça ou Porco Comunista.
As pessoas com algum conhecimento político adoram rotular
qualquer medida ou opinião como sendo de esquerda ou de direita. Ok, algumas
situações podem ser rotuladas, o problema é que hoje em dia ninguém mais quer a
Ditadura Militar de volta, e ninguém mais quer uma Revolução Comunista. O mundo
mudou, nenhum desses cenários é possível, aceitável ou muito menos imaginável!
Mesmo assim, foi muito engraçado ver o desespero de militantes do PSTU, PT e
afins afirmando que quem gritava por um protesto “Sem Partido” era fascista! Seguidor
de Hitler. Um exagero ignorante e que contribuiu para que a desunião aumentasse
durante a revolta popular.
10 - São Paulo é a
locomotiva do Brasil.
Certa vez o Governo Federal tirou a capital do Rio de
Janeiro por conta dos protestos populares, para fingir que tudo que estava a
sua volta acontecendo não os atingia. Aí vieram os protestos pelas “diretas já”
e o Impeachment do Collor. As imagens emblemáticas foram as do povo tomando à
frente do Palácio do Planalto, e ficaram para a história. Hoje, após milhares
de protestos que passaram em branco em Brasília, parece que o Brasil todo só
entrou na onda depois que viu a cidade de São Paulo tomada pela população.
Ficou claro que, para algum grande movimento tomar dimensões nacionais
novamente, é São Paulo que deve começar e liderar isso.
11 - O Movimento
Passe Livre teve a oportunidade de fazer história, e não o “quis”.
Tudo começou por causa
dos famosos R$ 0,20 de aumento no transporte público de São Paulo. O grupo,
junto com partidos que fazem protesto até contra Miss Bum Bum, PSTUs e PCOs da vida, foram os primeiros a sair às
ruas por conta do aumento inaceitável. Aos poucos, a maioria silenciosa e
desinformada, começou a perceber o quanto era ridículo ter que pagar mais por
um serviço tão ridículo, e a se comover com as imagens daquelas pessoas que
estavam na rua dizendo o óbvio, apanhando de forma covarde. Os eventos criados
no FB pelo Movimento Passe Livre tomaram dimensões jamais esperadas e eles, de
forma até correta, tentaram não impor limites ou regras para quem comparecesse
às passeatas. O link oficial do evento no FB sempre tinha muito mais gente do
que as presentes nas ruas, os veículos de comunicação foram então atrás
daqueles que começaram e “lideravam” tudo isso.
A princípio, eles preferiram não mostrar a cara , e tinham a ideia
correta de não desvirtuar o foco do protesto, que era o transporte público.
Depois que tudo virou
festa, a verdade apareceu. Eles apareceram no fantástico, e se mostraram
claramente um grupo esquerdista e que não concordava com muito do que a
população passou a reivindicar em seus próprios protestos. Hoje, nunca mais
ouvi falar do tal MPL. Suspeito... será que algum companheiro vermelho se
aproximou deles e pediu essa retirada estratégica? Porque o MPL não mudou de
nome e seguiu as tais 5 causas do “Anonymous” que tinham grande aprovação
popular ? Amarelaram ou foram
amarelados?
O fato é que, não
fizemos história, podemos até fazer... mas não vejo o povo indo à rua de
maneira tão grandiosa tão cedo.
12 - As Manifestações
ao menos, ganharam um link no Wikipedia!