terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Contra a banalização do nosso sentimento mais forte.

Hoje em dia, entrar em contato com alguém é muito mais fácil do que há alguns anos atrás. Basta clicar no iconezinho verde de 16 bilhões de dólares, começar a digitar alguns verbetes que serão facilmente adivinhados pelo seu smartphone, e você pode magoar ou deixar alguém feliz, não importa a distância. 

As demonstrações públicas quanto a um sentimento, ficaram extremamente fáceis e banais. Uma boa busca de imagens com uma frasezinha de banheiro público do Pedro Bial pode ser estampada em uma timeline, que atrairá uma bela plateia de curtidores hipócritas. Sempre fui um grande defensor da tecnologia e de tudo que facilite a nossa vida, mas vejo hoje que, com tanta facilidade, muita coisa importante acabou ficando subvalorizada.

Se você parar para dar uma olhada em sua timeline do Facebook ou do Instagram, você com certeza encontrará atualizações feitas na última hora com a palavra “amor” ou com emoticons de “coraçõezinhos”. Quantos textos você já leu, acompanhados de uma foto com um belo filtro, cheio de juras de amor eterno a uma amiga “bff”, com alguma citação da Clarice Lispector e com muitos comentários do tipo: “own que lindo! Também te amo muito amiga!” ? Eu não sei se eu fui criado de forma muito diferente de todo o meu círculo de conhecidos, mas “amar” alguém é o sentimento mais forte que pode existir por alguma outra pessoa, ou animal, ou qualquer outra coisa.

Tirando a minha família, eu geralmente penso muito, mas MUITO mesmo para dizer “eu te amo” para alguma pessoa. Eu imagino que, ao dizer isso, a pessoa passará a esperar algumas atitudes muito fortes e verdadeiras vindas de mim. O mais engraçado é quando você não é realmente muito amigo da pessoa de grande coração, e no mês seguinte ela já passou a “amar” outra pessoa, ou simplesmente já elegeu outra pessoa que será a única amiga ou companheira(o) para a eternidade, pois a eternidade da outra provavelmente já deve ter acabado.

Não é só o “amor” que me parece banalizado entre as pessoas, no mundo em que elas querem que nós acreditemos que elas vivem. Está muito fácil “amaaaaaaaaaar”  ou “odiaaaaaaaar” tudo! Pessoas, animais, séries de TV, personagens fictícios, filmes, carnaval, ar condicionado. Vejo as pessoas compartilhando e fazendo comentários rasos sobre temas que envolvem mágoas, tradições, até mesmo a morte de outro ser humano, além de outros temas que mereceriam, no mínimo, mais conhecimento e respeito para que sejam colocadas em público.

Nós nunca sabemos o que pode acontecer amanhã, eu mesmo já errei e me arrependi por me afastar por muito tempo de pessoas a quem eu verdadeiramente gosto e amo. Mas acredito mesmo que se alguém realmente te ama, não é com uma frasezinha brega em uma imagem mais brega ainda que isso deve ser demonstrado. Em um mundo onde, todos os dias, nos deparamos com pessoas mentindo ou tentando nos enganar, fica cada vez mais fácil olhar no olho de alguém, ouvir a voz, e entender se o que está vindo em sua direção é verdadeiro ou não.

Sabe aquela banda que você tinha como favorita quando era pouco conhecida, mas que, quando todo mundo começa a gostar e falar demais dela, você acaba pegando uma certa raiva? Não façam isso com a palavra “amor”. Saibam utilizá-la com parcimônia. Ela significa muito para virar algo tão popular quanto o Psirico e o Lepo Lepo.


E O MUNDO, O QUE ACHA DISSO!?

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