sexta-feira, 7 de março de 2014

Michael Moore, venha conhecer o SUS!

Há algumas semanas atrás, em uma mesa de bar, discutia com amigos visivelmente bem informados, mas com opiniões politicas diferentes, sobre algo que a maioria das pessoas mais velhas do que nós parece já ter desistido: por onde começar a melhorar nosso país? Tenho a opinião de que, qualquer assunto leva a uma conclusão de que na base de tudo, só a Educação pode resolver a maioria dos problemas do nosso país a longo prazo, mas podemos pensar em maneiras rápidas para deixarmos outros grandes problemas nacionais, no mínimo, menos vergonhosos. 

Durante a nossa discussão, eu sempre colocava exemplo de outros países mais desenvolvidos que os nossos, e fui bombardeado em repúdio quando coloquei em pauta o Sistema de Saúde, que mesmo sendo alvo de críticas pelos americanos, era muito melhor do que o nosso. Devido a forte reação de quem parecia realmente entender do assunto e da sensação de que havia falado uma grande besteira, resolvi ir atrás e conhecer um pouco mais. Porque de fato, na minha opinião, nada poderia ser pior do que a sensação de entrar num hospital público brasileiro, muito menos em um país tido por todos como referência do capitalismo mundial, como os EUA.

Assisti o documentário “Sicko” do cineasta Michael Moore. Como todos sabem, ele é autor de 2 outros documentários muito famosos, Tiros em Columbine e Farenheit, que levantam questões importantes e cutucam a ferida de muitos norte-americanos conservadores. Na minha opinião, todos os seus documentários são propositalmente exagerados, mas em “Sicko”, o exagero beira ao ridículo, com todas as suas reações e edições no maior estilo Pânico na TV, mesmo assim, serve para refletir sobre sistemas de saúde geridos pelo governo ou por empresas privadas.

Mesmo com o documentário mostrando a exemplos de países como a Inglaterra, Canadá e a França, onde os cidadãos tem direito a qualquer tipo de tratamento gratuito como grandes maravilhas do mundo, omitindo cenas de fila de espera ou dificuldades para tratamentos mais complicados, é possível concluir uma coisa. Mesmo com os EUA não possuindo um sistema de sáude universal, ainda assim, a sua população é muito melhor tratada ou tem muito mais chances de sobreviver ou ter saúde do que no Brasil.

Recentemente, tivemos discussões acaloradas, pois o Brasil importou médicos de Cuba para atender cidades, pois o governo acusou os médicos “elitistas capitalistas e desumanos” do país a se recusarem a atender em cidades pequenas ou hospitais públicos. No filme SICKO, médicos ingleses e franceses aparecem elogiando a remuneração que recebem, e dizendo que conseguem até bônus por pacientes que param de fumar ou se curam. Aqui, o que um médico ganharia para ir à rede pública? O que o governo oferece de estrutura e de conforto em um hospital público? Ora. Se o governo quer dar saúde de graça para a população, não adianta esperar a caridade de alguém que precisa pagar uma mensalidade absurdamente cara na faculdade, já que para estudar o governo dá no máximo algumas centenas de vagas públicas para medicina.

O SUS vêm sendo exaltado por ufanistas como um exemplo para o mundo, assim como foram as urnas eletrônicas, mas vamos à realidade. No Brasil, ninguém que possui a mínima condição financeira de pagar um plano de saúde opta pelo SUS. O SUS não é uma opção, é uma falta de opção. Os EUA não possuem um sistema de saúde público, mas possuem Rescue Centers e comunidades que se unem para oferecer saúde popular, como por exemplo maçons, rotarianos, etc. O fato é que, o próprio documentário mostra um táxi vindo de um hospital particular abandonando um paciente em um desses centros de saúde gratuitos, e lá eles são acolhidos e bem tratados sem espera. Ou seja, mesmo lá onde, teoricamente não há um sistema de saúde universal, a pequena porcentagem da população que não tem plano de saúde particular (pequena porcentagem se comparada ao Brasil), consegue ser melhor atendida do que em algum hospital do SUS.

Precisamos parar de pensar que nada aqui “não está tão ruim assim”. Está tudo muito pior do que imaginamos. Tente quebrar um dedo e ser atendido em um hospital público sem ter que suportar horas de dor. Tente conseguir medicamentos gratuitos sem enfrentar filas e um sofrimento ridículo. As condições oferecidas pelo nosso governo para a população beiram ao ridículo. Não podemos cair nessa de achar que somos referência para nada. É preciso exigir MUITO do governo, para que a carga tributária absurda que pagamos se transforme em melhores hospitais e melhores condições para que médicos e profissionais de qualidade trabalhem nesses locais. Enquanto isso não acontecer, acreditem, mesmo um sistema de saúde inexistente, como é o Norte-Americano, ainda é melhor do que o nosso.


E o mundo, o que acha disso!?

Abaixo, um link com alguns fatos ocultos no documentário: http://usatoday30.usatoday.com/life/movies/2007-06-30-sicko-facts_N.htm

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