quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Vai ter Copa, e acreditem, será um sucesso.

Nessa semana, fui me encontrar com uma amiga para ir ao cinema. Quando a encontrei, ela estava tomando café com um holandês, que está a trabalho em São Paulo. Cumprimentei os dois e logo fui puxando papo. Como não poderia ser diferente, a primeira pergunta foi se ele estava ansioso para a Copa do Mundo. Como todo estrangeiro que viaja para cá, a resposta não foi em relação ao país dele, mas sim sobre as chances do Brasil vencer a Copa, até por uma questão de respeito. Conversa vai, conversa vem, falei que conhecia a cidade de onde ele vinha devido ao FC Utrecht, e quando deu a hora de irmos ao cinema, nos despedimos do rapaz, que estava aguardando outra pessoa que o levaria para jantar, e o desejamos uma ótima estadia no Brasil. O rapaz parecia encantado com toda a nossa gentileza.

Contei o episódio acima, porque ele me fez pensar: é engraçado como os estrangeiros se sentem tão felizes quando damos atenção a eles. É engraçado como nós brasileiros, adoramos receber visitantes de outros países. Minha amiga me contou que o holandês tinha sido levado para almoçar nos melhores restaurantes e hamburguerias de São Paulo. Ele estava achando tudo uma maravilha, a comida, o povo, o ambiente. E não é à toa. O brasileiro é de fato, muito mais esforçado com quem é de fora do que na nossa própria convivência. É como quando vamos receber alguém importante para jantar em casa. Se é o vizinho que vem filar a bóia, requentamos qualquer coisa e ele come com o prato de vidro que acabamos de lavar. Se é alguém de longe, que raramente vemos, tiramos a poeira dos nossos melhores talheres e pratos, e fazemos uma recepção de luxo, como se sempre nos portássemos daquela maneira.

Os europeus não costumam ter muita paciência com gente que não fala a língua deles, talvez até mesmo porque muitos estrangeiros vão para lá para ganhar um troquinho e de fato tumultuam a coisa toda, mas eles não fazem a mínima questão de mostrar o lugar onde moram como algo fantástico. Bem diferente do que acontece por aqui. Aqui nós falamos muito mal do brasileiro, mas quando viajamos, saímos com uma cara de superioridade vestindo a amarelinha, fazendo questão de mostrar ao mundo que somos brasileiros. Tive um tio americano que me disse exatamente o contrário. Ele só vestia roupas verde e amarelas e chapéus ridículos escritos Brasil. Para ele seria um desrespeito vir ao meu país querendo mostrar o orgulho de ser americano. Se ele estava aqui, para ele era importante mostrar que estava tentando entrar no clima do Brasil.

Pensando em como o holandês estava feliz por estar vivendo esse curto período em São Paulo, cheguei à conclusão de que essa Copa não tem como ser ruim para os gringos. Nós aqui estamos diariamente preocupados em mostrar para o mundo que somos minimamente civilizados e comprometidos com prazos, infra-estrutura, pontualidade, segurança, mas todo o mundo sabe que nós não somos bons nisso.Não adianta acreditar que, pelo menos por um mês, seremos um país sério e civilizado. Não seremos, e nem esperam isso de nós. O mundo vem ao Brasil por um simples motivo: diversão. E nisso, não há como negar, nós somos muito bons. Muito melhores do que eles.

Teremos atrasos, teremos aeroportos lotados, teremos manifestações, teremos assaltos. E isso será noticiado em toda parte. Mas quem vêm pra cá já está esperando pelo pior. Ainda assim, tenho certeza absoluta de que quem vier para cá terá uma experiência incrível, com muita festa, muita cachaça comprada por preços absurdos e muita gente receptiva (inclusive muitas mulheres, pois admitam, mulher brasileira adora gringo), que, por interesse financeiro ou não, vão adorar ensinar esse povo a sambar, encher a cara, ficar vermelho que nem pimentão, e sorrir como se não houvesse amanhã.

Evidentemente que, nesse texto estou me referindo sobre a recepção que faremos a seres humanos, não a Argentinos!



E o mundo, o que acha disso!?

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