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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Em cima do muro

O desenvolvimento humano sempre partiu de opiniões. A Terra era o centro do universo. Alguém tinha opinião contrária. O Sr. Collor era uma pessoa íntegra e honesta. Alguém tinha opinião contrária... mas hoje o que eu mais vejo é pessoas com medo de expressarem a sua opinião.

Entendo a razão de não expressar em alguns momentos. Você provavelmente deve conhecer alguém que tem medo de expressar sua idéias com medo do que os outros possam pensar dele. No entanto não há nada pior que aquele que não expressa só para esperar que lado vai ficar melhor. Esse tipo de pessoa merece uma borrifada.

Sentar em cima do muro não é ser indeciso. O indeciso apenas observa os dois lados. O em cima do muro é um cara que não tem personalidade suficiente para assumir o que realmente pensa em prol de não contestar os outros. Fazer política de boa vizinhança é lidar com opiniões diferentes. Agora não impor sua opinião com medo e para se dar melhor é simplesmente patético. No maior estilo Rocky Balboa, DESCE DO MURO E FALA GROSSO PÔ

Pelo incrível que parece, revi Casablanca esse final de semana, e lá há personagem bem assim chamado Capitão Renault. Se você não viu Casablanca, não vou contar o porquê. Mas se você viu, sabe do que eu estou falando


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Típica borrifada de um paulistano estressado.

Depois de muito, mas muito tempo, volto hoje a fazer uma das coisas que mais gosto! Borrifar! Peço desculpas aos leitores desse incrível blog, mas realmente tive um período cheio... tanto de deveres acadêmicos e profissionais, como também de vagabundagens pessoais.

E de hoje não podia passar... porque simplesmente hoje eu não precisarei borrifar sobre algum tema específico, eu apenas farei um breve relato das expiriências que passei / terei que passar nos próximos dias em São Paulo, a cidade que tem uma relação incrível de amor e ódio com sua população.

Eu sou um daqueles cidadãos bastante imbecis, que paga impostos corretamente, paga multas ao invés de corromper policiais, etc. E quanto mais eu faço isso, mais parece que eu tomo. Além de ter sido convocado pela minha querida faculdade para perder o meu dia 8 de novembro realizando o ENADE, eu descobri que a prova não será lá... e muito menos em alguma instituição perto da minha casa, a prova será em TABOÃO DA SERRA! Mais ou menos a uns 40 km de casa. E o que eu vou ganhar com isso? Apenas o fato de a nota constar no meu histórico escolar! Ou seja, não posso ir mal.

Mas pra quê quem organiza isso vai se preocupar em colocar cada aluno no mínimo próximo do seu local de estudo não é mesmo? Besteira! Tudo bem, eu gosto da minha faculdade, visto a camisa dela! E também demoro a sair dela...

Bom, mas o meu dever como cidadão ficou ainda maior. Na sexta passada recebi uma intimação da Justiça. Bom, que eu me lembre , sóbrio eu ainda não cometi nenhum crime, mas vai que bêbado eu fiz alguma merda!? Abri o envelope e lá estava a convocação! Farei parte de um Juri Popular! No maior estilo aquele julgamento do Chaves ou então do “Eu, a Patroa e as Crianças” ! Olha só , é numa terça feira, dia 12... terça feira que é dia do meu rodízio inclusive! Com isso eu poderei usufruir do incrível sistema de transporte público que possuímos, ouvir sobre algum crime algumas horas e depois dar uma opinião que vai mudar a vida de alguém, sendo que eu nem sei do que se trata no momento!

Ah sim, dessa vez serei recompensado! Posso tirar um dia de folga no trabalho... e minha imagem nem será abalada por isso não! Imagina! Até porque, nada depende de mim não é mesmo?

Após um final de semana regado a muita emoção, principalmente após o clássico de domingo, não tive sono algum, e dormi pouquíssimo, logo acordei de mal humor. São Paulo é uma cidade que potencializa o seu humor, seja ele bom ou ruim. Estava um baita calor, tudo ótimo, de repente veio a chuva, e São Paulo quando chove é igual no Oriente Médio quando morre algum Ayatolá ! O caos está instalado. Eu tinha que chegar na faculdade às 9h30 da noite, deixei pra sair na ultima hora pra evitar o transito causado pela chuva, poderia ir a pé, mas naum tenho guarda-chuva que se pareça com um... bom , o transito já não tem mais hora. Eis que rodo pelas ruas próximas à faculdade e obviamente não acho vagas, terei que gastar 10 reais de estacionamento, além de colocar um pouco de álcool pois meu irmão deixou o carro de tanque vazio.

Já nos acostumamos a não encontrar vaga em lugar nenhum em Sâo Paulo mesmo, ok. Mas em 2009, após termos sido confirmados como sede das olimpíadas, é inadmissível um estacionamento ainda não aceitar cartão! Aí lá vou eu para a minha apresentação que já está atrasada em 3 semanas graças a cancelamentos, saio após ter q me desviar de bichos militando em favor de suas chapas para o C.A. e quando vou pagar, é lógico que não tenho um puto no bolso além dos cartões. Ok, por sorte há um caixa eletrônico a poucos metros. Ahá ! O caixa eletrônico funciona das 6h às 22h, olho no relógio e são 22h 05 ! A pontualidade sempre foi o ponto forte do Brasil não é mesmo??? O que fazer agora? Pedir dinheiro emprestado, se é que tem alguém conhecido ainda em aula. Por sorte , consegui o dinheiro para pagar a merda do estacionamento.

Mas tudo bem, apesar de faculdade estar ali há algumas dezenas de anos, como pensar em estrutura a sua volta? Vamos ao exemplo da Vila Madalena na sexta a noite. Lá é um bairro lotado de bares , restaurantes e baladas. As ruas ficam entupidas, e após demorar praticamente uma hora ali na região, chego ao bar, que não tem um letreiro de identificação (é claro, o Kassab mandou tirar pra facilitar nossa vida) e muito menos um serviço de vallet (oq já é um serviço apenas tapa buraco já que não há outra opção no local). Eis que na rua eu vejo um posto de gasolina, apagado e cheio de carros! Sim, ali é o estacionamento onde fui obrigado a deixar a chave do meu carro e algum dinheiro. Quem é dono de lá? Quem cuida do carro? Não sei! Mas a essa altura de stress tudo o que eu quero é entrar logo no bar pra beber a mais gelada possível! Aí sim consigo voltar a amar São Paulo, que possui bares de tudo quanto é tipo com um público incrivelmente variado!

São Paulo tem tudo pra ser a melhor cidade do mundo, mas consegue irritar os seus cidadãos a ponto de parecer a pior de todas! Nós pensamos assim mas.. (ah, que saudade eu estava de fazer isso.)

E O MUNDO, O QUE ACHA DISSO !?!?!!??!?!?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Celular Amigo


O meu texto de hoje não é particularmente uma borrifada. Talvez seja uma tiração de sarro do comportamento feminino, talvez não seja nada. Mas quis escrever e foda-se! Tá aí a minha borrifada! Não quis escrever uma! .. e ai?


Outro dia me chamou atenção a relação de meninas com seus celulares. Digo de meninas porque foi essa observação que fiz, mas nada impede que esse comportamento seja observado também no público masculino. Não sei. Convido todos a pesquisarem se se aplica. Enfim..


Meninas têm uma relação íntima de amizade e cumplicidade com seu celular. Ele está ali para informá-la e permitir que ela também informe outros das fofocas mais urgentes, está ali caso o pior aconteça e um pneu fure, para que ela possa pedir socorro, e também está ali para cumprir seu papel na vida amorosa de sua dona. Sim, o celular é essencial no relacionamento dessa menina com meninos (ou outras meninas, não sei.. cada um cuida da sua vida). Do contrário, como é que ela daria continuidade a algo que mal foi iniciado numa noite de leve bebedeira e curtição?


O curioso é o que acontece com essa relação sagrada quando a menina se encontra nesse momento da vida: recém iniciando o que pode vir a se tornar um incrível relacionamento sério com o rapaz/garota. Aquele objeto parceiro tem que se preparar para lidar com sentimentos de amor e ódio que serão direcionados a ele sem que ele nada tenha a ver com a história. Como é isso? Explico.


A menina conheceu o(a) garoto(a) numa sexta na festa de um amigo em comum. O menino (para melhor entendimento, vamos supor que a pessoa em quem a menina está interessada seja um menino, tá?) é incrível! É divertido, bonito, seguro, parece inteligente, tem ambições e parece que gostou dela! Ele, mostrando um interesse maior que de apenas uma noite de pegação, pede o telefone da menina, que alegremente o fornece. No dia seguinte começa o drama para o pobre celular. A garota acorda, toma um segundo para recompor os pensamentos e imediatamente olha seu celular. Se enganando, ela finge para si mesma que olhou o celular apenas para ver as horas, mas de verdade, ela esperava ver o sinal de mensagem de texto piscando. Tudo bem.. é realmente muito cedo. A festa foi ontem e eu mal acordei. Ela então levanta e vai viver a vida. Deixa o celular longe, como quem não ligasse pra sua existência, mas o celular sabe da verdade.


Ela toma banho, sai para comer alguma coisa, volta, vê um pouco de TV e tenta aproveitar o sábado. Passadas algumas horas tarde a fora ela cede à sua curiosidade e checa o celular. Nada. Fica com um pouco de ódio de si mesma e algum ódio do celular. Larga o aparelinho onde estava.


O sábado passa e nada. Domingo de manhã, mesma coisa. Ela já não está ligando tanto. Vai ver ele nem é tão incrível assim. Eis que no meio da tarde de domingo, realmente querendo ver as horas, ela pega o celular e vê uma mensagem dele. Já faz tempo que ele mandou! Que droga! Porque não vi antes?! Responde. Aii como seu celular é incrível naquele momento! Querido amiguinho, sem você, o que faria?? Fica alguns minutos olhando a tela. Apagou a luzinha. Clica numa tecla qualquer pra voltar a acender. Nada. Pequeno ódio.. como não vi a mensagem antes?


Deste momento em diante, tentando se controlar mas sendo vencida todas as vezes, a menina volta à dinâmica "finge que não liga mas checa o celular sempre que tem a chance" até que na segunda-feira a noite já está tacando o celular com força na cama quando enfim vê um sinalzinho de mensagem de texto na tela e descobre que era só uma promoção da Vivo.


Depois de algumas idas e vindas, quando enfim eles começam a se comunicar por outros meios, o pobre celular tem um descanso e volta a relação normal entre ele e a menina, do jeito que ele gosta - com um pouco de carinho e atenção, algumas discussões quando não tem sinal ou dá um pau qualquer, mas nada excessivo. Isso até que a menina e seu garotinho tenham sua primeira briga. Aí, pobre celular.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Eu devo estar ultrapassado mesmo...


A foto ao lado poderia ser muito bem uma paródia às bandinhas toscas que aparecem mundo a fora falando que são roqueiros. Mas não é nenhuma paródia. Os caras são posers mesmo. E da pior espécie. "Banda Cine". Puta merda. (....) estou respirando para não quebrar o meu teclado de nojo.
Vamos lá:

Já comentei inúmeras vezes que essa geração, a galerinha dos 12 até os 18 anos está perdida como nunca esteve. Achei que nunca ia falar isso, mas eles são muito piores do que aqueles dos anos 90 com Cia. Do Pagode e Segura o Tchan.
Muito pior que o início da década de 2000 com pagode rolando solto, Rodriguinho, Travessos e aquelas porras todas.
Eu reclamava, na época, que o Rock tinha morrido e que aqueles jovens da minha idade não sabiam o que era música. Muito provavelmente eu vomitava na época ao ouvir falarem que Charlie Brown Jr era rock. E do bom. Para mim aquilo já era o fundo do poço.

Pois bem, o tempo foi passando, o pessoal crescendo e a pirralhada mais nova começou a ter pêlo no saco e os peitos a crescerem. E em algumas, como crescem.
E dê repente vejo umas revistas falando que o Rock ressurgiu. Dando laudas e mais laudas de apoio a bandas como Jonas Brothers, Fresno, NXZero, Glória, entre outros lixos tóxicos.
Nunca pensei que ia falar mal do Rock. Talvez porque isso não seja. Esses caras são um desserviço a quem ouve Rolling Stones, entre outros clássicos.

Esta nova turminha se veste como bixas, cantam como bixas, tem letras de bixas e posam como bixas. Só que ao invés de serem bixas como o Freddie Mercury, que assumia a viadagem, mas era genial em termos musicais, eles são bixas enrustidas e, ainda por cima, cantam como bixas.
Pelo menos o David Bowie fazia som de macho quando resolvia colocar uma guitarra nas costas.

Esses caras aí são um belíssimo produto da década de 10, onde a imagem é 99% para o sucesso, não como antigamente quando ela apenas fazia parte do contexto. Porém a vaca vai mesmo para o brejo quando você vê qual é a imagem que esses porras passam. Um bando de poser com umas tatuagens coloridas, parecendo que compraram todo o estoque da Elma Chips de tatuagens de salgadinho, magricelos com roupas PPP, usando regata e com os cabelos desalinhados parecendo um cogumelo.
Se eu fosse pai dessas criaturas, apanharia de cinta. E daquela parte do ferrinho.

Estou escrevendo tudo isso como um desabafo após ver, por apenas 3 minutos, o VMB 2009. E foi tempo até demais porque minha TV de LCD deu pinta de que ia vomitar e fazer greve se eu continuasse naquele canal. Como não queria jogar o meu investimento pelo ralo, obedeci a bixinha. Troquei de canal e acabei vendo algo comparativamente muito melhor: A reprise do Zorra Total.

Fresno melhor banda? Marymoon? Glória??? Que porra é Glória? Que porra é banda Cine??? Vanessa Camargo e um rapper americano mandando um breque. Tudo aquilo me impressionou. Parecia um filme do Almodóvar: era muita cor, muita maluquice, muita viadagem e nenhum nexo.

Sei que a MTV provavelmente só toca o que pedem, vive sob a demanda da juventude. Mas também sei que ajuda a construir o caráter dela. E sinceramente, estamos construindo uma juventude paulistana baitola, com mau gosto musical e que pensa que o mundo é um grande Twitter.

Mas é sinal dos tempos e acho que eu estou ficando velho. Velho e ultrapassado. Afinal, eu ainda gosto de futebol. Ainda gosto da boa música e de me vestir de maneira civilizada, além de curtir ter relações apenas com pessoas do sexo oposto.
Infelizmente o mundo deve estar me achando um quadrado. Mas, felizmente, eu não dou a mínima.

sábado, 3 de outubro de 2009

Rio de Janeiro Olímpico II

Ganhamos. Ganhamos bonito. Talvez nunca tenha visto tamanha exposição do Brasil na mídia internacional como ontem. Nem com a verba da EMBRATUR de 1500 para cá conseguiríamos tamanha exposição. Brasileiros de todas as cores estavam na delegação. Desde gaúchos negros até nordestinos. Passando por catarinenses descendentes de alemães.

Confesso que mesmo escrevendo o texto abaixo criticando a candidatura, logicamente que com um quê de blasé e ironia, gostei do rumo que as coisas tomaram. Da vitória em cima de três países de ponta e em cima de cidades incríveis. Chicago é talvez a mais organizada cidade do nordeste americano. Limpa, tem um lago limpo onde se vêem veleiros a navegando. Outra é Tóquio, ícone do Japão e de tudo o que aquele país representa: Tecnologia, serviços, modernidade, vanguarda, cérebro e, no meu caso especificamente, muita sensualidade.

Madrid, por sua vez, é a capital do país que mais recebe turistas no Mundo. É uma Meca de culturas e a porta da Europa ocidental. Pois o Rio de Janeiro venceu todas elas com certa facilidade.


Não estou entrando aqui no mérito de que se é um bom negócio realizar as Olimpíadas, mas sim da maneira como conseguimos.

Primeiramente, pela primeira vez na história, o Rio de Janeiro não se utilizou de clichês para autopromoção. Você não via bundas ou mulatas no vídeo. Mas sim uma cidade democrática racialmente, que se utilizou da sua inegável beleza natural e símbolos mundiais, como o Cristo Redentor, para se elevar.

Nova Iorque tem um transito caótico, mas os americanos continuam a exaltar o lado romântico do Rockfeller Center, por exemplo. Não fizemos nada além de mostrar nossos pontos fortes como todo o resto do mundo faz. E bons lados o Rio de Janeiro tem. É uma cidade extremamente encantadora. Não precisamos apenas mostrar o morro e as balas. Temos isso também, não vamos negar, mas há o outro lado.


Outro ponto que me deixou impressionado na candidatura do Rio foi a capacidade que tivemos de lutar por um objetivo comum e a qualidade profissional da candidatura. Os filmes foram bem executados. As propostas de instalações são plausíveis. Mas sem dúvida o que venceu foi um discurso muito bem alinhado e fechado. Era nítido que sabíamos do que estávamos falando. Sabíamos pela primeira vez, talvez em muito tempo, lutar em pé de igualdade com qualquer outra nação. Mostramos-nos elegantes, poliglotas e confiantes no nosso próprio potencial. Em nenhum momento nos comportamos como primos pobres ou como coitados. E todos sabem que temos esta mania. Ou tínhamos.


A capacidade de síntese do que era o povo brasileiro naquele grupo foi espetacular. Até o Lula mandou bem em seu discurso. O que eu critiquei e ainda critico no meu texto é se vamos ter a capacidade de não extrapolar um budget. De não desviar verbas. De não atravancar dinheiro público como aconteceu no Pan Americano.

Espero que esta Olimpíada seja um novo marco na administração de eventos no Brasil. Que seja a virada para mostrar a capacidade do país em também realizar, e com maestria, tão bem como o alemão ou o americano.


Eu não tenho dúvida que possa dar certo. O que me deixa com a pulga atrás da orelha é que também não tenho dúvidas de que pode ser um fiasco.

Mas como disse a delegação brasileira ontem em Copenhagen, dêem a chance. Só assim nós brasileiros e o mundo saberemos se, de fato, nós conseguiremos.

Abcs,

Petrescu