O Poder do Voto

Parece um assunto meio balelístico falar de votos e eleição. Mas é um negócio que temos que falar e discutir. Principalmente aqui no Brasil, onde quase nunca levamos as coisas muito a sério.
Porque você, nobre leitor, vota? Ou melhor, como você vota?
Tenho certeza que muitos aqui não sabem em quem votaram para deputado federal e estadual nas últimas eleições presidenciais em 2006 ou para vereador em 2008.
Acredito na democracia e no poder que o povo tem para mudar as coisas que aí estão mas, infelizmente, o Brasil é a única democracia do mundo onde todos levam a sério demais o que podemos chamar de PIG, o Partido da Imprensa Golpista.

Deixe-me explicar.

O PIG é formado pelo jornalismo da Rede Globo, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e pela revista Veja. A expressão é do Paulo Henrique Amorim, li em uma revista há um tempo atrás. Estes veículos dominam a opinião pública brasileira e não leva a maioria dos brasileiros a refletirem sobre as coisas que realmente acontecem. A notícia é dada de forma pasteurizada e com um único ponto de vista, tradicionalmente de direita. Foi esta imprensa que levantou Collor, que quis a todo custo que Lula não fosse presidente do Brasil e que age a bel prazer conforme os seus interesses. (Não sou petista, longe disso, só para avisar)
Nós, brasileiros, somos filhos únicos de uma democracia que dá importância DEMAIS a apenas uma rede de TV, dois jornais e uma revista. Por conta disso, não conseguimos ter noção da real dimensão dos acontecimentos ou de como as coisas funcionam. Isso é perigoso porque gera em nós um sentimento de inação. Ou seja, o Brasil virou, por conta deste fenômeno, a única grande democracia inoperante do mundo, onde o povo não tem voz e nem poder de reação.

Esta inação tornou-se poderosa na segunda metade da década de noventa e hoje é absoluta. Por isso não conseguimos derrubar Lula quando houve mensalão e nem colocar figuras como Celso Pitta ou Daniel Dantas atrás das grades. Somos um país de mudos. Infelizmente não somos mais aquela juventude que lutou contra o Collor e que tinha algum poder político nas mãos. Eles eram daquele jeito porque corriam atrás de informação e porque estavam cansados de ver o sonho do voto direto indo para o ralo com um governo pífio. Some isso ao fato de eles verem o país sair de uma ditadura de mais de vinte anos que serviu para diminuir os ânimos da população e coibir manifestações de qualquer cunho, que você verá uma massa furiosa por mudança, como foram os caras pintadas.

Hoje o que se vê é uma imprensa cada vez mais unilateral, pregando o que pensa sem ninguém duvidar do que há por trás destas “verdades”.
A falta de dúvida acaba se manifestando em uma população que não sabe votar e não se lembra em quem votou. Ou seja, um bando de idiotas no seu tom mais puro, já que etimologicamente “idiota” é um termo para definir quem não sabe votar. Este bando nem cobrar os políticos pode, porque abdicam deste forte instrumento quando não fazem o uso correto dele.
Aí vemos caso como o do Rio de Janeiro em 2008, onde centenas de milhares não votaram para prefeito, ficaram na praia, malandros, lógico, e a eleição foi decidida por menos de 50 mil votos. Menos que um Maracanã.

Mas pra que falar a respeito disso, né? Meu voto não vale nada mesmo...