Após o
SuperBowl, os fãs de futebol americano voltam seus olhos para o
Draft. O Draft é
quando os times profissionais selecionam promessas, principalmente de faculdades,
para seus times. Ontem uma das
grandes promessas e candidato a ser escolhido nas primeiras rodadas do Draft, Michael Sam, revelou ser gay. Ele pode ser o primeiro
jogador a tornar público que é gay e jogar profissionalmente. Muitos ex-jogadores
já assumiram que são gays nos esportes coletivos americanos, mas eles só o fizeram depois que pararam de jogar.
Mas ainda
estamos no pode.
Em entrevista
ao New York Times e à ESPN Michael Sam afirmou que “só quero contar a minha própia
verdade”, “tenho orgulho de ser gay”. De acordo com o
Times, Michael contou ao seu time da faculdade no ano passado. E seus companheiros de jogo não apenas aceitaram, como também elegeram Michael um dos melhores jogadores do time. O jovem de 24 anos detém alguns números impressionantes além de jogar em posições variadas, o que faz ser um jogador cobiçado. Ou seja temos um jogador talentoso que quer virar profissional, e daí que ele é gay?
Após a declaração, uma chuva de tweets com frases de apoio e admiração vieram de jogadores e
ex-jogadores. A liga de
futebol americano, NFL, declarou o seu apoio e que “aguarda para dar as boas
vindas e suporte em 2014”. Em mesas
redondas nas redes de TV americanas fala-se que há muitos gays nos times, mas
que o vestiário não deixa essa informação sair a público.
As discussões
em programas de TV norte-americanos não focam muito na questão de um time contratar um jogador gay, e sim em como um time irá receber o novo
companheiro. A “cultura
do vestiário” é muito citada. Ex-jogadores opinam que há 10 anos ninguém sobreviveria num
time sendo homossexual, era um tabu, um problema. E citam a
dificuldade que isso pode trazer mesmo hoje, com uma sociedade que
avançou nessa questão.
A
homossexualidade é algo muito difícil ainda no mundo. Fazendo o
paralelo com o Brasil, vemos de maneira crescente a violência contra
homossexuais. Algo comum em
conversas de heterossexuais é usar a palavra gay, e suas derivações, de forma
pejorativa. Como algo ruim. Sim, infelizmente essa é uma verdade triste quando
queremos ver uma sociedade que trate todos de maneira igual e justa. Se você diz
que não tem preconceito, repare nos seus diálogos e veja se você não utiliza a
palavra gay de forma pejorativa.
A maior rede de
televisão brasileira deu um passo inédito em sua história recentemente ao
exibir um beijo gay. Por outro lado, a Folha de S.Paulo publicou uma matéria assustadora, em que divulga como um
gay deve agir. Tiveram a oportunidade de criticar a falta de segurança pública,
mas preferiram dar dicas como quem dá para se proteger do Sol neste verão. Ao
ler essa matéria, em um dos maiores veículos de comunicação do País, não é de se estranhar
que no nosso futebol exista um preconceito também, basta relembrar o caso do
jogador Emerson Sheik quando postou uma foto beijando um homem.
O site da ESPN
americana deixou no ar uma enquete, como faz diariamente, perguntando se a liga
de futebol americano está pronta para um jogador gay. Os resultados, até a hora
do almoço, apontavam que 63% achavam que sim. Outros 37% dizem o contrário. O estado do
Mississipi é o mais dividido: 51% sim e 49% não. Um estado que historicamente
sofreu com questões de preconceito entre brancos e afro-descendentes pode ter
uma leitura de que é um estado preconceituoso, ou que sabe melhor que outros
como é difícil vencer o preconceito.
O esporte é uma
das formas mais incríveis que já conseguiram criar para demonstrar o que um ser
humano é capaz. Mas não apenas capaz de romper barreiras em milisegundos, mas
barreiras da sociedade. Como não lembrar de Hitler vendo o pódio erguer o
punho?
Acredito que o
corajoso Michael Sam, coragem porque ninguém o fez até hoje, será escolhido por
um time, mas vamos ter
que esperar para saber se o esporte norte-americano conseguirá romper essa
barreira e, quem sabe, seja um marco para outras ligas.
1 Comentário:
Só tem que tomar um pouco de cuidado com a pergunta que foi feita na pesquisa. O cara pode votar que a liga americana não está preparada para receber um jogador gay e não concordar com isso! Acho que, até para gerar mais polêmica, poderia ser: "Você aceitaria um jogador gay no seu time?" aí eu quero ver !
Postar um comentário