Hoje em dia, entrar em contato com alguém é muito mais fácil
do que há alguns anos atrás. Basta clicar no iconezinho verde de 16 bilhões de
dólares, começar a digitar alguns verbetes que serão facilmente adivinhados
pelo seu smartphone, e você pode magoar ou deixar alguém feliz, não importa a
distância.
As demonstrações públicas quanto a um sentimento, ficaram
extremamente fáceis e banais. Uma boa busca de imagens com uma frasezinha de
banheiro público do Pedro Bial pode ser estampada em uma timeline, que atrairá
uma bela plateia de curtidores hipócritas. Sempre fui um grande defensor da
tecnologia e de tudo que facilite a nossa vida, mas vejo hoje que, com
tanta facilidade, muita coisa importante acabou ficando subvalorizada.
Se você parar para dar uma olhada em sua timeline do
Facebook ou do Instagram, você com certeza encontrará atualizações feitas na
última hora com a palavra “amor” ou com emoticons de “coraçõezinhos”. Quantos textos você já
leu, acompanhados de uma foto com um belo filtro, cheio de juras de amor eterno a
uma amiga “bff”, com alguma citação da Clarice Lispector e com muitos
comentários do tipo: “own que lindo! Também te amo muito amiga!” ? Eu não sei se
eu fui criado de forma muito diferente de todo o meu círculo de conhecidos, mas
“amar” alguém é o sentimento mais forte que pode existir por alguma outra
pessoa, ou animal, ou qualquer outra coisa.
Tirando a minha família, eu geralmente penso muito, mas
MUITO mesmo para dizer “eu te amo” para alguma pessoa. Eu imagino que, ao dizer
isso, a pessoa passará a esperar algumas atitudes muito fortes e verdadeiras
vindas de mim. O mais engraçado é quando você não é realmente muito amigo da
pessoa de grande coração, e no mês seguinte ela já passou a “amar” outra pessoa,
ou simplesmente já elegeu outra pessoa que será a única amiga ou companheira(o)
para a eternidade, pois a eternidade da outra provavelmente já deve ter
acabado.
Não é só o “amor” que me parece banalizado entre as pessoas,
no mundo em que elas querem que nós acreditemos que elas vivem. Está muito
fácil “amaaaaaaaaaar” ou “odiaaaaaaaar”
tudo! Pessoas, animais, séries de TV, personagens fictícios, filmes, carnaval,
ar condicionado. Vejo as pessoas compartilhando e fazendo comentários rasos
sobre temas que envolvem mágoas, tradições, até mesmo a morte de outro ser
humano, além de outros temas que mereceriam, no mínimo, mais conhecimento e
respeito para que sejam colocadas em público.
Nós nunca sabemos o que pode acontecer amanhã, eu mesmo já
errei e me arrependi por me afastar por muito tempo de pessoas a quem eu
verdadeiramente gosto e amo. Mas acredito mesmo que se alguém realmente te ama,
não é com uma frasezinha brega em uma imagem mais brega ainda que isso deve ser
demonstrado. Em um mundo onde, todos os dias, nos deparamos com pessoas
mentindo ou tentando nos enganar, fica cada vez mais fácil olhar no olho de
alguém, ouvir a voz, e entender se o que está vindo em sua direção é verdadeiro
ou não.
Sabe aquela banda que você tinha como favorita quando era pouco
conhecida, mas que, quando todo mundo começa a gostar e falar demais dela, você
acaba pegando uma certa raiva? Não façam isso com a palavra “amor”. Saibam
utilizá-la com parcimônia. Ela significa muito para virar algo tão popular
quanto o Psirico e o Lepo Lepo.
E O MUNDO, O QUE ACHA DISSO!?
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