Há algumas semanas atrás, em uma mesa de bar, discutia com amigos
visivelmente bem informados, mas com opiniões politicas diferentes, sobre algo
que a maioria das pessoas mais velhas do que nós parece já ter desistido: por
onde começar a melhorar nosso país? Tenho a opinião de que, qualquer assunto leva a uma
conclusão de que na base de tudo, só a Educação pode resolver a maioria dos
problemas do nosso país a longo prazo, mas podemos pensar em maneiras rápidas
para deixarmos outros grandes problemas nacionais, no mínimo, menos
vergonhosos.
Durante a nossa discussão, eu sempre colocava exemplo de outros países
mais desenvolvidos que os nossos, e fui bombardeado em repúdio quando coloquei
em pauta o Sistema de Saúde, que mesmo sendo alvo de críticas pelos americanos,
era muito melhor do que o nosso. Devido a forte reação de quem parecia realmente entender do
assunto e da sensação de que havia falado uma grande besteira, resolvi ir atrás
e conhecer um pouco mais. Porque de fato, na minha opinião, nada poderia ser
pior do que a sensação de entrar num hospital público brasileiro, muito menos
em um país tido por todos como referência do capitalismo mundial, como os EUA.
Assisti o documentário “Sicko” do cineasta Michael Moore.
Como todos sabem, ele é autor de 2 outros documentários muito famosos, Tiros em
Columbine e Farenheit, que levantam questões importantes e cutucam a ferida de
muitos norte-americanos conservadores. Na minha opinião, todos os seus
documentários são propositalmente exagerados, mas em “Sicko”, o exagero beira
ao ridículo, com todas as suas reações e edições no maior estilo Pânico na TV,
mesmo assim, serve para refletir sobre sistemas de saúde geridos pelo governo
ou por empresas privadas.
Mesmo com o documentário mostrando a exemplos de países como
a Inglaterra, Canadá e a França, onde os cidadãos tem direito a qualquer tipo
de tratamento gratuito como grandes maravilhas do mundo, omitindo cenas de fila
de espera ou dificuldades para tratamentos mais complicados, é possível
concluir uma coisa. Mesmo com os EUA não possuindo um sistema de sáude
universal, ainda assim, a sua população é muito melhor tratada ou tem muito
mais chances de sobreviver ou ter saúde do que no Brasil.
Recentemente, tivemos discussões acaloradas, pois o Brasil
importou médicos de Cuba para atender cidades, pois o governo acusou os médicos
“elitistas capitalistas e desumanos” do país a se recusarem a atender em
cidades pequenas ou hospitais públicos. No filme SICKO, médicos ingleses e
franceses aparecem elogiando a remuneração que recebem, e dizendo que conseguem
até bônus por pacientes que param de fumar ou se curam. Aqui, o que um médico
ganharia para ir à rede pública? O que o governo oferece de estrutura e de
conforto em um hospital público? Ora. Se o governo quer dar saúde de graça para
a população, não adianta esperar a caridade de alguém que precisa pagar uma
mensalidade absurdamente cara na faculdade, já que para estudar o governo dá no
máximo algumas centenas de vagas públicas para medicina.
O SUS vêm sendo exaltado por ufanistas como um exemplo para
o mundo, assim como foram as urnas eletrônicas, mas vamos à realidade. No
Brasil, ninguém que possui a mínima condição financeira de pagar um plano de
saúde opta pelo SUS. O SUS não é uma opção, é uma falta de opção. Os EUA não
possuem um sistema de saúde público, mas possuem Rescue Centers e comunidades
que se unem para oferecer saúde popular, como por exemplo maçons, rotarianos,
etc. O fato é que, o próprio documentário mostra um táxi vindo de um hospital
particular abandonando um paciente em um desses centros de saúde gratuitos, e
lá eles são acolhidos e bem tratados sem espera. Ou seja, mesmo lá onde,
teoricamente não há um sistema de saúde universal, a pequena porcentagem da
população que não tem plano de saúde particular (pequena porcentagem se
comparada ao Brasil), consegue ser melhor atendida do que em algum hospital do
SUS.
Precisamos parar de pensar que nada aqui “não está tão ruim
assim”. Está tudo muito pior do que imaginamos. Tente quebrar um dedo e ser
atendido em um hospital público sem ter que suportar horas de dor. Tente
conseguir medicamentos gratuitos sem enfrentar filas e um sofrimento ridículo.
As condições oferecidas pelo nosso governo para a população beiram ao ridículo.
Não podemos cair nessa de achar que somos referência para nada. É preciso
exigir MUITO do governo, para que a carga tributária absurda que pagamos se
transforme em melhores hospitais e melhores condições para que médicos e
profissionais de qualidade trabalhem nesses locais. Enquanto isso não
acontecer, acreditem, mesmo um sistema de saúde inexistente, como é o Norte-Americano, ainda é melhor do que o nosso.
E o mundo, o que acha disso!?
Abaixo, um link com alguns fatos ocultos no documentário: http://usatoday30.usatoday.com/life/movies/2007-06-30-sicko-facts_N.htm
Abaixo, um link com alguns fatos ocultos no documentário: http://usatoday30.usatoday.com/life/movies/2007-06-30-sicko-facts_N.htm
Comentários:
Postar um comentário