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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

12 conclusões sobre as Manifestações Populares de 2013.



No dia 17 de Junho de 2013 eu percorri o Largo da Batata, a Avenida Faria Lima, a Avenida Berrini e depois atravessei a ponte Estaiada com uma única certeza: estava fazendo parte da história. Cantei o hino nacional a plenos pulmões! Pessoas pobres, pessoas ricas, pessoas empregadas ou desempregadas, negras ou brancas, todas juntas! Pessoas acenavam panos brancos da janela, centenas repudiavam atos de vandalismo e gritavam para quem quisesse ouvir: estamos cansados de sofrer sem falar nada! O povo acordou! 
Hoje, quase um ano depois, a sensação que tenho é muito mais de uma derrota do que de uma vitória popular. De qualquer forma, tudo aquilo que gerou pânico e euforia em muitos, serviu para tirar 12 conclusões. Listo elas aqui:

1 - No Brasil, tudo sempre acaba em festa.
Depois que Geraldo Alckmin e Fernando Haddad foram para a TV dizer que o aumento não aconteceria mas que depois essa conta teria que ser paga por nós, veio a sensação de uma grande vitória. Eaí a população resolveu sair para “comemorar”. Os protestos já estavam popularizados Brasil afora, e saíram de qualquer controle. Qualquer coisa agora, era protesto. Foi aí que apareceu a, tão cantada por nossos poetas, “criatividade” do povo brasileiro. Cartazes engraçadinhos, fantasias, vendedores ambulantes... um verdadeiro carnaval fora de época! Galera bebendo na rua, sites fazendo galerias sobre os protestos mais engraçados. Não tinha mais foco, e com isso, os protestos perderam a sua importância. Como ali não havia uma causa, não havia porque prestar atenção naquela palhaçada. Na internet circulava um vídeo do Anonymous, com 5 causas que a população deveria exigir um retorno imediato do governo, com a festa que virou, as causas estavam lá no meio, mas ninguém conseguiu se organizar para fazer grandes eventos em prol de uma causa de cada vez.

2 - O povo brasileiro é altamente influenciável. (I)
De repente, virou moda falar de política. Todo mundo resolveu saber o que eram as PECs, de repente, todo mundo sabia o que era o Ministério Público, e pouco a pouco, as pessoas viram que não era assim tão perigoso ir às ruas lutar por algo. Mas precisou muita gente tomar borrachada primeiro, para que alguns tomassem coragem e vissem que algo estava errado. Era ótimo ver como todo mundo estava querendo se informar sobre coisas que todos deveríamos saber! Mas hoje, parece que as pessoas leram muitas manchetes e se aprofundaram muito pouco. Alguns casos gravíssimos, mais graves do que aconteceram na época, estão acontecendo hoje; mensaleiros e suas vaquinhas, o aumento da carga tributária, a volta da inflação, a bolha imobiliária... mas ninguém parece preocupado ou motivado a ir às ruas mostrar sua indignação! Foi só pelo R$ 3,20 mesmo?

3 - O povo brasileiro é altamente influenciável. (II)
Antes de os protestos começarem, a aprovação do governo de Dilma Rousseff era de  65%. Logo após a onda de protestos, essa aprovação chegou a cair para 30% e hoje ela praticamente volta ao número de março do ano passado. Mas o que diabos ela fez nesse tempo que mudou tanto a opinião desse povo todo!?!? O povo não lê, o povo vê manchetes e vai pelo que “ouve de um ou de outro”. Infelizmente, essa é a realidade da maioria da população brasileira.

4 - A polícia não sabe fazer contas.
No dia 17 de junho, tinha gente saindo do bueiro, simultaneamente, em 3 das maiores vias da cidade de São Paulo. Além de grandes concentrações no Lgo. Da Batata e na Ponte Estaiada. A estimativa da Polícia foi de 60.000 pessoas!!! COMO ASSIM!? Isso não lota um Morumbi! Só por onde eu passei, eu vi gente suficiente pra encher uns 20 Morumbis! Não fazia sentido nenhum aquela conta. Hoje, toda vez que ouço estimativas sobre concentrações populares eu dou risada. Fico imaginando o comandante Hamilton olhando de cima falando do helicóptero: “Ah acho que deve ter umas 2 mil pessoas...” Eaí sai um comunicado oficial da PM via fax, falando sobre a presença de 2 mil “populares”. Piada.

5 - A maioria silenciosa pode calar a minoria barulhenta.
Vocês já perceberam que dificilmente sai na mídia alguma pesquisa sobre a preferência do povo brasileiro sobre a pena de morte, sobre prisão perpétua, ou legalização das drogas? Apesar de a Globo esquecer que a discussão desses temas existem, se essas questões fossem colocadas na urna eletrônica, muita gente se surpreenderia com o resultado, assim como foi com aquele referendo das armas, em que o povo votou “não” ao desarmamento. É o que eu chamo de “maioria silenciosa”. A minoria barulhenta fica pelada na rua, bota fogo em ônibus, faz teatro... e balança bandeiras vermelhas! Durante os protestos, o grito e atitude dos “sem partido” mostrou a presença esmagadora dessa maioria silenciosa, que dessa vez foi para as ruas e mostrou que não quer PSDB, não quer ditadura, não quer petismo e não quer o “politicamente correto”. A maioria silenciosa, se acordar, pode mostrar a verdadeira opinião do Brasil.

6 - Assim como no futebol, maioria da população não tem preferência partidária.
Poucos sabem, mas a maior torcida do Brasil é a dos “Sem time”. Isso mesmo, assim como a maioria prefere novela à futebol, a maioria prefere novela à política. E mesmo quem se importa com a política não gosta de nenhuma das “ideologias” de nenhum dos 37 partidos políticos que disputarão as próximas eleições. É “social” pra cá “liberal” pra lá, “democrático” no meio, e no fim é tudo farinha do mesmo saco. Isso ficou muito claro quando o maior movimento que surgiu nas ruas foi o movimento dos “sem partido”, que causou revolta nos esquerdistas que achavam que estavam no estopim de uma nova “revolución”.

7 - As redes sociais servem para divulgar eventos, mas não para criar organizações.
Assim como acontece no caso dos rolezinhos, as redes sociais se mostraram eficientes para aglomerar multidões e desesperar os desinformados. Serviu também para mostrar que não adianta tentar encontrar uma organização iluminati orquestrando tudo quanto é movimento, porque até agora, tudo o que o Facebook fez foi avisar a um monte de gente sobre algum evento. Quando entrávamos nas discussões dos eventos oficiais dos protestos, víamos pessoas com visões e opiniões totalmente diferentes! Até tentavam organizar algo, fazendo enquetes como “Você acha que devemos quebrar tudo?” “Devemos proibir bandeiras de partidos?” mas no fundo, ninguém via ali algo oficial! Logo, você ia pra rua, via um monte de gente junta, gritava e marchava para algum lugar ! Rolezinhos são coisas parecidas só que sem nenhuma ideologia a não ser se encontrar, ostentar, pegar umas minas, ouvir um funk e ser vítima “dos polícia” caso alguém venha te entrevistar.

8 - Podem nos roubar, desde que não mexam no nosso cofrinho!
O povo se sentiu lesado com os 20 centavos a mais no transporte público porque a maioria dos usuários paga lá, em nota e moedas, ou por um bilhete, ou para recarregar um cartão. Se o aumento no transporte público tivesse acontecido por meio de tributo, no IR ou diretamente na fonte, ninguém ia se sentir tão lesado. Praticamente todo dia temos reajustes em impostos cujas siglas desconhecemos, e perdemos muito mais do que 20 centavos com isso! Mas ninguém enxerga, só conseguimos ver algo se mexem em nossa conta ou no nosso cofrinho . Na época do Collor foi assim também. Ele mexeu na poupança, devolveu tudo depois, mas até hoje é visto como Lúcifer por ter ousado tocar no cofrinho da galera! FHC, Lula e Dilma foram mais espertos em relação a como tirar mais dinheiro de nós.

9 - Você só pode ser 2 coisas: Reaça ou Porco Comunista.
As pessoas com algum conhecimento político adoram rotular qualquer medida ou opinião como sendo de esquerda ou de direita. Ok, algumas situações podem ser rotuladas, o problema é que hoje em dia ninguém mais quer a Ditadura Militar de volta, e ninguém mais quer uma Revolução Comunista. O mundo mudou, nenhum desses cenários é possível, aceitável ou muito menos imaginável! Mesmo assim, foi muito engraçado ver o desespero de militantes do PSTU, PT e afins afirmando que quem gritava por um protesto “Sem Partido” era fascista! Seguidor de Hitler. Um exagero ignorante e que contribuiu para que a desunião aumentasse durante a revolta popular.

10 - São Paulo é a locomotiva do Brasil.
Certa vez o Governo Federal tirou a capital do Rio de Janeiro por conta dos protestos populares, para fingir que tudo que estava a sua volta acontecendo não os atingia. Aí vieram os protestos pelas “diretas já” e o Impeachment do Collor. As imagens emblemáticas foram as do povo tomando à frente do Palácio do Planalto, e ficaram para a história. Hoje, após milhares de protestos que passaram em branco em Brasília, parece que o Brasil todo só entrou na onda depois que viu a cidade de São Paulo tomada pela população. Ficou claro que, para algum grande movimento tomar dimensões nacionais novamente, é São Paulo que deve começar e liderar isso.

11 - O Movimento Passe Livre teve a oportunidade de fazer história, e não o “quis”.
Tudo começou por causa dos famosos R$ 0,20 de aumento no transporte público de São Paulo. O grupo, junto com partidos que fazem protesto até contra Miss Bum Bum, PSTUs e  PCOs da vida, foram os primeiros a sair às ruas por conta do aumento inaceitável. Aos poucos, a maioria silenciosa e desinformada, começou a perceber o quanto era ridículo ter que pagar mais por um serviço tão ridículo, e a se comover com as imagens daquelas pessoas que estavam na rua dizendo o óbvio, apanhando de forma covarde. Os eventos criados no FB pelo Movimento Passe Livre tomaram dimensões jamais esperadas e eles, de forma até correta, tentaram não impor limites ou regras para quem comparecesse às passeatas. O link oficial do evento no FB sempre tinha muito mais gente do que as presentes nas ruas, os veículos de comunicação foram então atrás daqueles que começaram e “lideravam” tudo isso.  A princípio, eles preferiram não mostrar a cara , e tinham a ideia correta de não desvirtuar o foco do protesto, que era o transporte público.
Depois que tudo virou festa, a verdade apareceu. Eles apareceram no fantástico, e se mostraram claramente um grupo esquerdista e que não concordava com muito do que a população passou a reivindicar em seus próprios protestos. Hoje, nunca mais ouvi falar do tal MPL. Suspeito... será que algum companheiro vermelho se aproximou deles e pediu essa retirada estratégica? Porque o MPL não mudou de nome e seguiu as tais 5 causas do “Anonymous” que tinham grande aprovação popular ?  Amarelaram ou foram amarelados?
O fato é que, não fizemos história, podemos até fazer... mas não vejo o povo indo à rua de maneira tão grandiosa tão cedo.

12 - As Manifestações ao menos, ganharam um link no Wikipedia!



E O MUNDO, O QUE ACHA DISSO !?

1 Comentário:

Anônimo disse...

Apenas para atualizar, o MPL continua relevante, nas periferias, exatamente igual era antes dos protestos de junho de 2013.

https://www.facebook.com/passelivresp

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