No Brasil, o país dos contrastes, temos talvez um dos maiores hiatos que existem em uma sociedade e pouca gente, de fato, se dá conta disso.
As nossas universidades, por mais que estejam anos luz das grandes instituições americanas e européias levam ao mercado, logicamente não de maneira generalizada, profissionais extremamente capacitados e com a sobriedade de desempenharem bons papéis como administradores em empresas privadas. Profissionais da Fundação Getúlio Vargas, IBMEC, ESPM, USP entre outras boas escolas entram no mercado de trabalho sempre almejando serem profissionais de destaque.
Não é à toa que há mais de 20 anos os executivos brasileiros são elogiados pela maneira criativa de administrar, de liderar e se fazerem ouvir mundo a fora. Estes líderes surgem exatamente desta gama de estudantes universitários de escolas de ponta do país, em sua maioria.
O presidente mundial da Nissan é brasileiro, o presidente coorporativo da General Electric para América Latina é brasileiro, entre inúmeros outros casos de bons administradores tupiniquins que fazem sucesso no mundo. Isso sem falar nos empreendedores que construíram verdadeiros impérios como a família Diniz, do Pão de Açúcar e o Clã Morais, da Votorantim. E olha que eu nem mencionei outros inúmeros casos menos megalomaníacos.
Infelizmente este perfil de verdadeiros líderes e cérebros da administração privada não se repetem do outro lado da moeda: a esfera pública.
Não existe este grau de profissionalismo ou até mesmo uma renovação política simplesmente porque o Estado não tem o mesmo dinamismo das empresas privadas, que são cobradas pelos empregados, acionistas, opinião pública e clientes. E muito cobradas, pois se ela é mal administrada, os resultados aparecem rapidamente, ela entra em concordata e, de um dia para o outro, pode deixar milhares de desempregados e acionistas revoltados. Neste contexto, é lógico que a palavra resultados acaba sendo o norte a ser seguido. E isso, de maneira geral funciona muito bem em empresas de alto desempenho.
Já do lado público brasileiro, não existe pressão política por resultados, pois quem deveria cobrar os resultados, de maneira geral, não o fazem. Assim como os funcionários públicos também não tem pretensão ou gana de fazerem mais do que lhes é imposto, diferente do funcionário da empresa privada, ávidos por promoções e meritocracia.
No governo, a opinião pública tenta fazer sua parte (ou quase isso), mas os “clientes”, no caso o povo, não se importam com o que acontece com esta administração, afinal de contas, isso não faz parte da vida deles, não é mesmo?
Esta sociedade alheia sustenta sanguessugas que sugam cargos públicos, prefeituras e licitações suspeitas... Alavancam a corrupção e a má administração, tudo com o consentimento de muitos. O pior é que a sociedade sabe disso e finge que esquece.
Porém, ao contrário da má empresa que entra em concordata, o Estado não pode falir, mas deixa sua população à mercê de serviços públicos pífios, como vemos todos os dias na maioria das cidades brasileiras, para não dizer todas.
Enquanto os atores da administração pública não cumprirem seus papéis e não transformarem a máquina pública em uma instituição dinâmica e onde exista a meritocracia de alguma forma, estaremos sempre nos deparando com os mesmos dinossauros políticos que nos assolam.
Por fim, enquanto as boas escolas do país não abrirem os olhos para a demanda latente de bons administradores públicos, não apenas privados, continuaremos com esta triste contradição de ser um país com um potencial incrível para a formação de ótimos administradores, porém com o revés de possuirmos os piores homens públicos.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
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2 Comentários:
é o que eu quero ser, administrar é a minha área!
Mais eu sempre penso que a solução disso tudo pode estar muito, muito longe.
pessoas desempregadas, e que não são poucas, acabam recorrendo a recurços não muito viaveis pra se manter!
bom é o que eu penso...
bjoooO
É, escrevendo recurÇo você não vai administrar é nada minha filha!!
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