O evento em discussão era a formatura de uma faculdade de elite de São Paulo, e os formandos eram publicitários. Os próprios publicitários aprendem durante a faculdade como é importante estudar o consumidor para oferecer para ele até mesmo a mais do que ele espera, de acordo? Pois bem, na teoria seria assim, e analisando esse público seria óbvio para mim que em uma formatura na cidade de São Paulo, nada seria mais emocionante do que assistir uma banda que faz parte da história, pois a formatura marca uma passagem na vida desses estudantes. A escolha óbvia para mim seria o Demônios da Garoa.
Quando você pensa em um publicitário, leva em consideração que ele pensa diferente do resto e por isso consegue ser tão criativo. Pensa que ele deve conhecer de tudo para poder oferecer soluções variadas, pensa que ele deve conhecer a história, pelo menos da sua cidade. Pensa que ele terá prazer ao ouvir algo com um significado diferente do que uma moça que mora Cambuci gostava de ouvir na Transcontinental não é mesmo?
Na teoria sim, na prática não. A verdade é que aqueles que discutiam qual seria a banda da festa, que também eram publicitários, afirmavam que com certeza o Demônios da Garoa é muito legal.... mas pra festa de formatura não! A maioria gosta de pagodão! Gosta do Negritude Jr. Perdão, mas eu não consigo digerir isso.
Acredito que a maioria dos leitores desse blog nunca comprou um CD do Negritude Jr. e não conhece apenas uma música do Demônios da Garoa, como foi citado. A grande verdade é que, em eventos e festas existe muita bebida, e as pessoas vão para aproveitar a festa, portanto, não importa o que vai tocar lá, elas vão parecer curtir muito aquilo. Por isso que músicas como “Tchau, I have to GO now” parecem um grande sucesso em eventos assim.
O exemplo acima também acontece com diretores de rádio e TV, com chefes de gravadoras, com produtoras de eventos, e etc. Se de repente todas as rádios parassem de tocar Exaltasamba, NX Zero, Latino e Vitor e Léo as pessoas parariam de ouvir rádio ? Eu não acho que são as pessoas que fazem a programação, acredito fortemente que é a mídia que faz uma música ser famosa ou não, dependendo do número de vezes que ela é tocada. A grande maioria das pessoas são aquelas que gostam do que está na moda, e não tem um gosto definido musicalmente, e por isso é comum ver coisas inexplicáveis como a Banda Cine e a Mallu Magalhães se tornarem um grande sucesso.
Assim como na política ou em uma grande coorporação, mudanças culturais e de hábito devem partir de cima. Faço uma apelo para que aqueles que tem o poder de dar apoio a determinado músico olhe apenas para a sua qualidade musical. Sim a qualidade musical tem percepções diferentes, mas peço que deixem de querer adivinhar o potencial de um músico observando o comportamento do seu filho de 14 anos. O meu apelo é, invista no que é bom, aposte no que é bom, pois a população vai gostar do que é bom. Se tanta gente gosta do que é tão ruim, imagina se fosse oferecido pra eles o que é de qualidade ?
A maior prova disso é que, em São Paulo existe apenas uma rádio que toca AC/DC, e ela está longe de ser a de maior audiência, no entanto, 65 mil pessoas esgotaram os ingressos em 2 dias. Será que então, publicitários, ricos, com acesso à informação, realmente gostam mais do Rodriguinho (ídolo das filhas de domésticas por todo o Brasil) ou se divertiriam mais ouvindo Saudosa Maloca ?
E VOCÊ, assim com o mundo, O QUE ACHA DISSO ?
1 Comentário:
Meu camarada, infelizmente há muito tempo o Brasil e boa parte do mundo aposta no lixo. Concordo totalmente com suas palavras e apelo, mas infelizmente sou cético demais para acreditar em uma remota chance de mudança. Dia 27 estarei lá para o momento mais importante que esse país já abrigou nos últimos anos.
Postar um comentário