De algum tempo para cá venho notando certo público crescente na internet brasileira. A chamada “classe C” emergente.
Nada mais é do que um pessoal que teve sua renda familiar aumentada devido a programas do governo federal, aumento do dinheiro em circulação na mão desse pessoal, o que gerou, em linhas gerais, porém sensívelmente, uma melhora na qualidade de vida.
Só para você ter uma idéia, 23 milhões de brasileiros tiveram ascensão social das classes D e E para a classe C de 2006 a 2008, segundo o grupo Abril. Isto, antes da crise do último semestre de 2008, alavancou a venda de eletrônicos para este grupo de brasileiros, já que eles começaram a ter acesso ao crédito como nunca antes “na história deste país”, como adora dizer o 4 dedos.
Bem, entre estes eletrônicos, estão os microcomputadores. Segundo dados de consultorias, 40% dos PCs vendidos em 2008 foram para esta galera. Isto, definitivamente, não é pouco.
Até aí, tudo excelente. É bom e válido que haja inclusão digital para todos os brasileiros. Isto leva notícias e reportagens a quem não tem acesso, aumenta a cultura do pessoal e desperta a curiosidade. Porém não é bem assim que a “galera da C” usa a internet. Pelo menos, não a maioria. O Orkut é um bom exemplo disso. A maioria do pessoal está mesmo é querendo um computador para, como todos, falar com os amigos no MSN e em sites de relacionamentos.
Aí é que a coisa fica feia. Mesmo tendo um pouco mais de renda, isso não exclui o fato deste povo ser extremamente mal instruído e mal informado. A gente vê isso claramente em sites como o “Pérolas do Orkut”, onde exemplo de absurdos virtuais são mostrados sem nenhum pudor.
É por isso que entra o meu apelo para esse povo brasileiro ter mais acesso à educação do que a inclusão digital, já que uma é conseqüência da outra. Mas o oposto não é verdadeiro. Quem tem acesso ao computador, não terá acesso à educação. Só irá escancarar como o sistema de ensino e cultural do Brasil é um lixo e como a grande maioria dos brasileiros é um produto desta má gestão educacional.
Se você ousar ver o tipo de pérolas que a ascensão da classe C gerou na internet, com certeza sentirá vergonha de seus irmãos brasileiros. Verá um país dominado por analfabetos funcionais, bregas, sem noção e sem qualquer domínio do que as palavras elegância e classe querem dizer.
Por isso que eu digo, mais vale o valor intangível de um povo do que seus bens materiais. Do que adianta falar de inclusão digital se o esse povo não tem qualquer valor mais profundo para construir uma vida sustentável?
É notável que a educação de base é o futuro deste país, por isso sou a favor de que todos os filhos de deputados estudem em colégios públicos, para os dirigentes saberem na pele qual é a verdade por trás da falta de educação dos brasileiros. Medidas tem que ser tomadas não só para que a crise que começa a bater no nosso nariz não seja devastadora, mas principalmente para que se comece uma evolução educacional neste país.
Caso isso não seja feito, continuaremos sendo um povo brega, sem valores e sem noção. Joselitos sem qualquer semancol de bons costumes e libertinos de um futuro próspero. A educação e o acesso à cultura fizeram nossos vizinhos uruguaios e argentinos politizados, cultos e classudos. Por isso sobrevivem há muito tempo qualquer tipo de crise ou dificuldade financeira. Pois tem valores. Em contrapartida, nós brasileiros, se podemos nos comparar com qualquer outro povo, somos tão brega quanto os mexicanos, que também pela falta de educação e acesso à cultura estão, mesmo com muito mais indústrias e riqueza que outros países, distantes do rompimento de um cordão umbilical centenário chamado falta de educação.
Então da próxima vez que você ver uma pérola no Orkut, não esbraveje “Maldita inclusão digital”. É mais correto gritar “Maldita exclusão educacional”.
sábado, 21 de março de 2009
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