Hoje é domingo, com texto de leitores.
Mais uma vez temos a participação de Felipe Zanola, grande colega dos borrifadores.
Bom final de semana a todos.
"Já faz algumas semanas que estou em campanha contra mídia e a sociedade. Talvez minha campanha seja um pouco impopular, afinal defendo quem mata e gera sofrimento: a Gripe A. Antes de atirarem os tomates e começarem as vaias peço apenas que ouçam meus argumentos, por mais absurdos que pareçam ser.
Por que me ouvir?
1. Trabalho em um laboratório farmacêutico, onde o tema é diariamente discutido por infectologistas, médicos, farmacêuticos e outras partes interessadas em fornecer curas para a doença.
2. Sou um amante dos humanos, ou seja, quero a evolução da espécie e não o seu fim.
3. Por último, mas não menos importante: eu peguei a Gripe A, portanto, sei exatamente quais são suas conseqüências.
Antes que o pânico se instaure ressalto que não estou escrevendo do inferno e que a comunicação via computadores é segura.
Um breve histórico de fatos
No dia 27 de março de 2009 recebemos a notícia de que um novo tipo de vírus havia matado uma criança no interior do México. Um porco foi apontado como o agente transmissor e recombinante desse novo tipo de vírus, batizando a doença de Gripe Suína. Em menos de um mês a Gripe Suína se espalhou rápido e matou 22 pessoas e atingiu aproximadamente 1600 no México, Estados Unidos e Canadá. A partir daí um verdadeiro surto se instaurou no mundo, um surto de desinformação e sensacionalismo.
Jornais, revistas e sites criaram infográficos e placares eletrônicos atualizados minuto a minuto para acompanhar “os suspeitos”, “os novos casos confirmados” e “os mortos” pela “Nova Gripe”. Além disso a OMS divulgava relatórios imensos justificando porque a “Influenza A” ainda era considerada uma doença infecciosa nível 3 e não 4. Enfim durante um bom tempo eu fiquei sabendo mais dos números da “Gripe A” do que os números do Brasileirão. A gripe de fato se disseminou rápido: TVs, rádios, jornais, revistas, sites, blogs, redes sociais, nas empresas, conversas de bares e qualquer outro lugar. Todos expressando opiniões e previsões de especialistas em “Gripe X”.
A gripe me pegou
Desde o começo eu fui bastante cético em relação ao tema. As pessoas me alertavam sobre a gripe espanhola que matou milhões de pessoas ao redor do mundo e eu dizia que se tivesse que morrer assim seria. Só não esperava ter que manter a minha palavra. Há cerca de 3 semanas atrás minha irmã voltou da Argentina e eu fui almoçar com ela. Não sei se por ironia do destino ou uma simples coincidência eu comecei a sentir umas dores no corpo, sonolência e moleza, nada muito diferente do convencional. Achei que tinha trabalhado demais e precisava descansar. Até que minha garganta inflamou, as tosses ficaram fortes e a febre me esquentou.
Felizmente faço parte de uma privilegiada parcela da população que tem acesso a bons planos de saúde que cobrem qualquer tipo de tratamento e hospital. Pago caro e portanto exijo o melhor. Não tive dúvidas, corri para o Pronto-Socorro do Hospital Sírio Libanês. Entro na recepção e uma fila quilométrica apenas para retirar a senha. Não tive dúvidas, corri para o Pronto-Socorro do Hospital Israelita Albert Einstein. Entro na recepção e uma fila quilométrica apenas para retirar a senha. (copiei e colei pois a situação era a mesma). Não tive dúvidas, fiquei esperando! Esperei três horas no hospital de maior referência do país para ser atendido. E confesso que a espera me fez repensar os meus conceitos. E se eu estivesse com a tal gripe? E se a minha vida estivesse próxima do fim?
Entrei para ser atendido e o médico realizou alguns exames que confirmaram a nova gripe no meu corpo. Pensei que sairia do hospital em um helicóptero, para a quarentena e que os jornais me procurariam para dar entrevistas e etc. A recomendação do médico foi bem simples: vá para casa e evite contatos com pessoas idosas e grávidas. Durma por três dias e tome este xarope e dipirona para aliviar a febre. Duvidei profundamente de todo sistema educacional do país e também do sistema particular de saúde. Estou com a nova gripe e o Doutor pede para que eu tome Anador? Em que mundo está vivendo? Ele está maluco?
Confesso que fiquei bastante revoltado com o diagnóstico, mas resolvi seguir as recomendações médicas. Foram 3 dias horríveis isolado no meu apartamento, comendo mal, dormindo mal e com dores no corpo todo. Durante esse dias li matérias e artigos intermináveis sobre a gripe e como curá-la. Ao final do 4 dia eu já estava me sentindo bem melhor e cheguei a uma conclusão: a Gripe A não é tão ruim quanto parece.
A ficha caiu!
Por que me ouvir?
1. Trabalho em um laboratório farmacêutico, onde o tema é diariamente discutido por infectologistas, médicos, farmacêuticos e outras partes interessadas em fornecer curas para a doença.
2. Sou um amante dos humanos, ou seja, quero a evolução da espécie e não o seu fim.
3. Por último, mas não menos importante: eu peguei a Gripe A, portanto, sei exatamente quais são suas conseqüências.
Antes que o pânico se instaure ressalto que não estou escrevendo do inferno e que a comunicação via computadores é segura.
Um breve histórico de fatos
No dia 27 de março de 2009 recebemos a notícia de que um novo tipo de vírus havia matado uma criança no interior do México. Um porco foi apontado como o agente transmissor e recombinante desse novo tipo de vírus, batizando a doença de Gripe Suína. Em menos de um mês a Gripe Suína se espalhou rápido e matou 22 pessoas e atingiu aproximadamente 1600 no México, Estados Unidos e Canadá. A partir daí um verdadeiro surto se instaurou no mundo, um surto de desinformação e sensacionalismo.
Jornais, revistas e sites criaram infográficos e placares eletrônicos atualizados minuto a minuto para acompanhar “os suspeitos”, “os novos casos confirmados” e “os mortos” pela “Nova Gripe”. Além disso a OMS divulgava relatórios imensos justificando porque a “Influenza A” ainda era considerada uma doença infecciosa nível 3 e não 4. Enfim durante um bom tempo eu fiquei sabendo mais dos números da “Gripe A” do que os números do Brasileirão. A gripe de fato se disseminou rápido: TVs, rádios, jornais, revistas, sites, blogs, redes sociais, nas empresas, conversas de bares e qualquer outro lugar. Todos expressando opiniões e previsões de especialistas em “Gripe X”.
A gripe me pegou
Desde o começo eu fui bastante cético em relação ao tema. As pessoas me alertavam sobre a gripe espanhola que matou milhões de pessoas ao redor do mundo e eu dizia que se tivesse que morrer assim seria. Só não esperava ter que manter a minha palavra. Há cerca de 3 semanas atrás minha irmã voltou da Argentina e eu fui almoçar com ela. Não sei se por ironia do destino ou uma simples coincidência eu comecei a sentir umas dores no corpo, sonolência e moleza, nada muito diferente do convencional. Achei que tinha trabalhado demais e precisava descansar. Até que minha garganta inflamou, as tosses ficaram fortes e a febre me esquentou.
Felizmente faço parte de uma privilegiada parcela da população que tem acesso a bons planos de saúde que cobrem qualquer tipo de tratamento e hospital. Pago caro e portanto exijo o melhor. Não tive dúvidas, corri para o Pronto-Socorro do Hospital Sírio Libanês. Entro na recepção e uma fila quilométrica apenas para retirar a senha. Não tive dúvidas, corri para o Pronto-Socorro do Hospital Israelita Albert Einstein. Entro na recepção e uma fila quilométrica apenas para retirar a senha. (copiei e colei pois a situação era a mesma). Não tive dúvidas, fiquei esperando! Esperei três horas no hospital de maior referência do país para ser atendido. E confesso que a espera me fez repensar os meus conceitos. E se eu estivesse com a tal gripe? E se a minha vida estivesse próxima do fim?
Entrei para ser atendido e o médico realizou alguns exames que confirmaram a nova gripe no meu corpo. Pensei que sairia do hospital em um helicóptero, para a quarentena e que os jornais me procurariam para dar entrevistas e etc. A recomendação do médico foi bem simples: vá para casa e evite contatos com pessoas idosas e grávidas. Durma por três dias e tome este xarope e dipirona para aliviar a febre. Duvidei profundamente de todo sistema educacional do país e também do sistema particular de saúde. Estou com a nova gripe e o Doutor pede para que eu tome Anador? Em que mundo está vivendo? Ele está maluco?
Confesso que fiquei bastante revoltado com o diagnóstico, mas resolvi seguir as recomendações médicas. Foram 3 dias horríveis isolado no meu apartamento, comendo mal, dormindo mal e com dores no corpo todo. Durante esse dias li matérias e artigos intermináveis sobre a gripe e como curá-la. Ao final do 4 dia eu já estava me sentindo bem melhor e cheguei a uma conclusão: a Gripe A não é tão ruim quanto parece.
A ficha caiu!
Depois de toda essa experiência percebi o que esse surto de desinformação e pânico está causando no mundo. Milhares de viagens canceladas e prejuízos para companhias aéreas, redes hoteleiras e indústria do turismo como um todo. Recomendações bizarras como lavar as mãos toda vez que cumprimentar alguém ou evitar ir a locais com grandes aglomerações de pessoas. O Ministério da Educação recomendou o adiamento do retorno de férias escolares e por que o Ministério da Cultura não proibiu as exibições de cinema? Afinal para onde vão as crianças que não estiverem na escola?
Mas o pior de todos os efeitos acontece no sistema de saúde. Imagine que cada pessoa que espirra ou dê uma tossidinha corra para o hospital com medo de estar infectado pela nova gripe. Pense no impacto que isso deve ter. Pronto socorros que já vivem lotados e não atendem a situações mais graves estão tendo que receber pessoas apavoradas por simplesmente espirrar. Sejamos pragmáticos. A “Gripe A, suína, Influenza, o qualquer outro nome” é tão letal quanto uma gripe convencional. “Ahhh, mas tem gente que morre.” Sim, quem morre são aquelas pessoas que fazem parte de um grupo de risco e poderiam morrer por qualquer outra coisa. A única diferença é que a OMS decidiu monitorar esses casos, coisa que não faz com outros tipos de doenças. Falo da pele de quem já esteve com ela. A Gripe A não é tão ruim quanto parece. Troque de canal quando começarem aquelas matérias sobre o número de infectados, mortos e etc. É uma ótima forma de combater esse sensacionalismo. Vamos incentivar coisas positivas como a Lei Antifumo que salvará vidas e economizará um dinheirão em gastos com doenças respiratórias. Por isso da próxima vez que você espirrar e perguntarem se é gripe A, responda que essa foi na mês passada, desta vez é gripe B mesmo.
Ps: Releia este post daqui um ano e veja como ele faz sentido. Ainda estaremos todos vivos. "
1 Comentário:
Realmente, é o que tenho falado pras pessoas aqui em londrina, A influeza A nada mais é que uma invenção dos americanos pra por medo neles mesmos, e no resto do mundo, já que o molde da imprensa deles e copiado em quase toda a parte do mundo...
Tem um video legal circulando pelo youtube feito por mexicanos, que atentam a questão dos fabricantes do remédio que está sendo usado,o Tamiflu... vale a pena conferir...
Eu rio muito desse país, sério.
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